Sementes crioulas: saberes populares, agrobiodiversidade e técnicas agroecológicas na conservação de milho crioulo contra Sitophilus zeamais no Vale do Rio Pardo - RS

Abstract

Os agricultores familiares camponeses do Vale do Rio Pardo – VRP constituíram, ao longo do tempo, saberes importantes na manutenção da agrobiodiversidade e na conservação de materiais genéticos contra o ataque de grãos e sementes armazenadas no período de entressafra. Para haver maior base de informações e nortear essa pesquisa de mestrado, inicialmente, com o auxílio dos estudantes da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul-RS, chegamos a diversas comunidades do VRP para conhecer a agrobiodiversidade mantida pelos mesmos e também entender e conhecer quais estratégias estão sendo usadas para manter a viabilidade dos grãos para a semeadura seguinte. Dos 86 entrevistados, descobrimos que o principal método é a adição de cinza vegetal, somado a recipientes PET herméticos. Além disso, próximo a 80% dos agricultores entrevistados, não usam nenhum produto. Cerca de 50% dos entrevistados relataram que o gorgulho é um problema na conservação de sementes crioulas. Com base nestes dados, desenvolver e estudar academicamente estratégias naturais a partir de pós de plantas locais, passou a ser o novo objeto deste trabalho. Os tratamentos testados para controle do gorgulho incluíram pimenta-do-reino, cinza vegetal, eucalipto citriodora, queima de O2 e pimenta habanero. As cultivares avaliadas foram de milhos com coloração amarela e branca, Mato Grosso e Pixurum 07, respectivamente. O principal tratamento realizado pelos agricultores familiares é a cinza vegetal, que nos testes de mortalidade de S. zemais, germinação, comprimento radicular e aéreo foi o melhor nos três tempos de avaliação (30, 60 e 90 dias), em ambas cultivares.