Consciência e ação política em rede: uma proposta interdimensional para o estudo dos Conselhos Gestores das Unidades de Conservação dos Campos de Cima da Serra/RS

Abstract

Esta pesquisa foi realizada no escopo do Mestrado em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo em Psicologia Política, cujo tema central é a consciência e a participação política. Os principais objetivos foram analisar as dimensões de consciência e participação política e as estratégias de ação adotadas pelos Conselho Gestor das de duas Unidades de Conservação dos Campos de Cima da Serra, RS. Partindo desses objetivos, este estudo também pretende descortinar e discutir as relações entre poder legal, poder local e poderes múltiplos com interesses e proposições de ações estratégicas em rede. As análises se deram à luz das sete dimensões do Modelo de Consciência Política (SANDOVAL, 1989, 1994, 2001, 2016): crenças; valores e expectativas societais; identidade coletiva; objetivos e ações; interesses coletivos e adversários; sentimentos de justiça e injustiça; eficácia política e vontade de agir coletivamente. A pesquisa realizou-se junto aos Conselhos Gestores da Área de Proteção Ambiental Rota do Sol e da Estação Ecológica Estadual Aratinga, Rio Grand do Sul. A metodologia segue a abordagem qualitativa, exploratória, descritiva e analítica, formada de quatro etapas: Análise documental; mapas falados com os/as conselheiros/as; questionários com os gestores e elaboração de Diário de Campo, a partir de participações em reuniões, conversas com os conselheiros e gestores integrantes do Conselhos Gestores. A análise dos dados foi integrativa, partindo das 4 etapas do fluxo de dados, a fim de discutir as variáveis psicopolíticas do modelo em análise, as ações e as redes de participação. Os resultados finais, obtidos por meio da elaboração dos mapas falados e participação nas reuniões, indicam que a consciência política é indispensável para que as estratégias políticas sejam eficazes. Além disso, convergem com os princípios de luta de uma sociedade sustentável e também correlaciona-se à atuação dos agentes junto ao ambiente e às instâncias políticas representativas. Apesar do enfoque para articulação do funcionamento das Unidades de Conservação que, em teoria, embasam a garantia de proteção à biodiversidade local, a efetiva ação política se estabelece como um reflexo do jogo político entre poderes das representações legais, locais e múltiplas que permeiam sua consolidação. Assim constatamos fortemente a percepção frente às adversidades que se dão em diferentes dimensões como financeira, estrutural, afetiva, estratégica, do cenário político etc.