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Os escorpiões são os artrópodes com exoesqueleto mais antigos do mundo e são de grande importância científica e farmacológica. Causam intoxicações biológicas ou empeçonhamentos, endêmicas ou epidêmicas em vário estados do Brasil. Algumas espécies adaptaram-se ao ambiente urbano, apresentando uma cadeia alimentar própria, que inclui o canibalismo. Conforme a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, os escorpiões são responsáveis por casos de acidentes humanos graves, eventos que resultam de encontros desarmônicos. Quanto às suas neurotoxinas, sabe-se que são inoculadas através do télson, uma quase agulha na ponta da cauda. A intoxicação apresenta-se variável em gravidade, mas alguns casos podem ser fatais. Neste estudo, descrevemos os aspectos clínicos dos casos graves de empeçonhamento, bem como os possíveis tratamentos. Os escorpiões são noturnos, mas podem ser encontrados à luz do dia em locais como caixas de esgoto ou de alimentos. A literatura menciona predadores como macacos, quatis, pássaros como seriemas e outros. Estes predadores, contudo, não detectam os escorpiões à noite. O Escorpião-Amarelo, Tityus serrulatus Lutz & Mello, 1922 é o principal objeto deste estudo. É a espécie mais importante como causa dos casos graves. É encontrada em cerca de 60 cidades do Rio Grande do Sul, desde o primeiro registro em 2001, de acordo com o Centro de Informação Toxicológica do RGS – CIT-RS e o Plano Estadual de Saúde de 2016 – 2020 do RGS. O T. serrulatus pertence à família Buthidae, um grupo com cerca de 54 espécies, distribuídas nos vários biomas brasileiros. Estre estas, Tityus bahiensis, Tityus stigmurus and Tityus.trivittatus são também consideradas importantes, enquanto outras como o Tityus costatus é de menor preocupação. Empeçonhamentos por escorpiões compõe o que chamamos de Escorpionismo, que está crescendo no Rio Grande do Sul desde que o T. serrulatus tornou-se presente. Esta espécie apresenta uma característica importante: reproduz-se por partenogênese e só existem fêmeas no campo. Acidentes peçonhentos causados por qualquer espécie de escorpião são de notificação obrigatória, de acordo com a Legislação de Saúde no Brasil. O banco de dados resultante é o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), que apresenta uma ficha detalhada a ser preenchida em cada caso. Observou-se que a maioria dos casos não é registrada e detalhada, faltando a identificação da espécie, por exemplo. Neste estudo, utilizou-se o SINAN e os dados do CIT-RS para análise. Também se obteve o apoio da Vigilância em Saúde de cidades como Mariana Pimentel e Sapucaia do Sul, onde casos foram investigados ou o T. serrulatus foi alvo de capturas sistemáticas. Observou-se também a manutenção em cativeiro de exemplares capturados de T. serrulatus, no laboratório do CIT-RS. Foi constatado que o soro antiescorpiônico não é totalmente disponível no Rio Grande do Sul. Em Mariana Pimentel, foi observado que os pacientes tiveram que viajar a Porto Alegre, distante 75 quilômetros para serem tratados. O cenário é preocupante, considerando o aumento de casos. Utilizando a Classificação Internacional de Doenças, ou CID-10, observamos que o Escorpionismo está codificado como CID X22. Assim, foi possível constatarmos que houve 36 internações hospitalares entre 2008 e 2021. Concluímos, desta forma, que o Escorpião Amarelo é uma grande ameaça à Saúde Pública no Rio Grande do Sul e deveria ser melhor investigado. |
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