Etnoconhecimento popular no uso de plantas medicinais: um estudo de caso no bairro José Pereira Alvarez, São Borja - RS

Abstract

A utilização de plantas para fins medicinais é uma das mais antigas formas de cuidado a saúde da humanidade. Esta prática caseira simboliza muitas vezes a única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde de muitas comunidades e grupos étnicos, influenciados pela questão socioeconômica, intensificando o uso como forma alternativa e/ou complementar aos tratamentos da medicina tradicional. Diante disso, a presente pesquisa teve por objetivo realizar um levantamento etnobotânico das espécies utilizadas para fins medicinais pelos moradores do bairro José Pereira Alvarez, localizado no município de São Borja/RS, estabelecendo um elo entre o conhecimento popular e o científico, possibilitando assim, uma maior aproximação das pessoas no cuidado à saúde, respeitando as diferenças e o contexto sociocultural. A metodologia utilizada para coleta de dados foi um questionário aberto semi- estruturado. Para análise de dados foram utilizadas as técnicas do Discurso do Sujeito Coletivo e a Análise Textual Discursiva. Além disso, os dados foram comparados com estudos etnobotânicos a partir de 2019 encontrados na literatura, para obter informações interdisciplinares sobre as atividades biológicas. Foram levantadas e identificadas 27 famílias botânicas com 44 espécies de vegetais utilizados para fins medicinais. Ao confrontar a literatura, 72,7% das espécies mencionadas possuem alguma indicação terapêutica direta ou indireta mencionada pelos sujeitos, auxiliando no restabelecimento da saúde humana. Com os resultados, constatou-se que as plantas medicinais são um importante recurso para a prevenção de doenças e na manutenção da saúde da população, bem como, expande o estudo sobre a flora local pouco conhecida. Deste modo, resgatar o conhecimento que a população detém sobre o uso dos recursos naturais, em diferentes culturas, deve ser repassado ao longo de gerações com o intuito de preservar a tradição oral nas comunidades onde os saberes são compartilhados, intensificando a compreensão perante a prevenção, promoção e recuperação da saúde ao envolver o conhecimento popular e científico.