Espécies da flora nativa com valor de uso da região das florestas estacionais semideciduais no RS

Abstract

A matriz de produção primária brasileira é constituída de monoculturas em grandes extensões territoriais, sendo esta uma das maiores ameaças à biodiversidade nativa. Em alternativa à produção, está a utilização de sistemas produtivos e regenerativos com espécies nativas. Neste sentido, este estudo visa sistematizar informações ecológicas de espécies da flora nativa, preferencialmente da região da Floresta Estacional Semidecidual no RS, com valor de uso econômico atual e ou potencial para que possam integrar a conservação da biodiversidade e geração de renda para os agricultores. Foi realizado levantamento bibliográfico de informações das espécies com ocorrência natural na referida região que têm indicações de valor de uso, buscando também caracterizar os atributos ecológicos das espécies, como as adaptações a tipos de solo e identificar os meses que se obtém colheitas de produtos de interesse, especialmente, de frutos e sementes para que possam ser utilizadas como alimento humano ou animal e para colheita de sementes e produção de mudas (regeneração). As principais bibliografias utilizadas foram: “Espécies nativas da Flora Brasileira de valor econômico atual ou potencial: Região Sul de Coradin, Siminski e Reis (2011) e o Bioma Pampa de Guarino et al. (2018). Assim, obteve-se 28 espécies nativas de 16 famílias botânicas, compondo 21 espécies arbóreas, 4 palmeiras, uma epífita, uma liana e uma herbácea. Para a categorização, foram considerados cinco categorias de uso, sendo 13 espécies alimentícias para humanos, 4 para obtenção de fibra, 13 de madeira, 16 com valores medicinais e 24 ornamentais. Das 28 espécies, o Jerivá foi o único que se enquadrou em todas as categorias. O período de frutificação de espécies alimentícias humanas para a maioria das espécies concentra-se no verão e, o menor número de espécies, no inverno. A maioria das espécies apresenta ampla ocorrência nos diversos tipos de solos, sendo que algumas espécies têm especificidades e os solos muito mal drenados são os que têm menor número de espécies adaptadas a eles. São diversas as possibilidades de usos das espécies da flora nativa da região da Floresta Estacional Semidecidual do RS, especialmente também, por estas serem adaptadas ao ambiente.