Caminhos do Pescado: a pesca na comunidade de Passo de Torres/SC e Torres/RS

Abstract

Com o objetivo de valorizar o trabalho desenvolvido por pescadores e pescadoras e buscar uma pesca mais sustentável, conta-se, aqui, o percurso do pescado até chegar em nossas mesas.A pesca vai muito além da água. O caminho do pescado até a mesa é longo. A pesca embarcada começa no estaleiro, a partir da fabricação e manutenção da embarcação, passa pelo redeiro entralhando e consertando as redes, chega no mestre que organiza a pesca, vai para os pescadores que embarcam as redes e vão para a água. Horas ou dias depois, a rede é recolhida e o peixe é desemalhado e armazenado. Depois que a embarcação chega ao porto, o peixe é desembarcado e vai para as mãos dos beneficiadores do pescado. Em seguida, vai para as peixarias e o consumidor pode, então, levar para sua mesa.A maioria das embarcações da comunidade pescam com redes de emalhe. Dependendo da espécie-alvo, o tamanho da malha, o comprimento e a altura da rede variam e recebem diferentes nomes, como exemplo: rede de anchova, rede de corvina, rede de linguado. As redes de emalhe são utilizadas pelos barcos de malha, botes e lanchas. Embora as redes de emalhe sejam as mais comuns na comunidade, há também as redes de cerco, cujo tamanho de malha varia conforme a espécie-alvo. A rede de cerco é utilizada pelas embarcações chamadas de traineiras. A pesca na comunidade de Passo de Torres/SC e Torres/RS ocorre durante todo o ano, com a exceção dos períodos de defeso para cada espécie. Esse intervalo de proibição temporária da pesca é fundamental para a reprodução dos indivíduos e continuidade das próximas safras. Além disso, há algumas espécies que estão ameaçadas de extinção e têm suas capturas proibidas até que as populações estejam novamente seguras. Já a pesca desembarcada é realizada na beira do mar ou do rio, ou até de cima de torres de pedras. Para a captura do pescado, são utilizadas tarrafas, linhas com anzóis e armadilhas, como a coca para a pesca de siri. Alguns pescadores desembarcados pescam apenas para consumo próprio, enquanto outros também comercializam o pescado. Mais de 20 espécies são importantes para a pesca na região, mas a anchova se destaca na pesca embarcada e a tainha na pesca desembarcada.