| dc.description.abstract |
As mudanças climáticas e a perda de biodiversidade demandam soluções baseadas na natureza
capazes de integrar conservação, paisagismo e melhoria da qualidade ambiental urbana. Nesse
contexto, o uso de plantas nativas em jardins naturalistas surge como uma estratégia promissora
para fortalecer a resiliência ecológica das cidades, especialmente em regiões como os Campos
de Cima da Serra, onde a flora campestre é rica, porém pouco explorada ornamentalmente. Este
trabalho avaliou o desempenho de duas composições de sementes de espécies autóctones
campestres, semeadas diretamente em oito parcelas experimentais, com o objetivo de verificar
o estabelecimento das espécies, o crescimento em altura e o desenvolvimento da cobertura
vegetal ao longo de 28 semanas. As sementes de 24 espécies nativas foram coletadas em campo,
beneficiadas e distribuídas em duas misturas (C1 e C2), cada uma com quatro repetições. Ao
longo do experimento, foram registrados semanalmente a altura das plantas e a porcentagem de
cobertura vegetal, esta última obtida por análise de imagens no software ImageJ. Os dados
foram analisados com modelos lineares mistos e métricas de área sob a curva (AUC). Os
resultados mostraram que ambas as composições apresentaram aumento progressivo da altura
e da cobertura vegetal ao longo do tempo, com efeito significativo da variável temporal. A
composição C2, composta majoritariamente por espécies de porte mais elevado, apresentou
maiores valores médios de altura nas semanas finais e maior AUC, embora a variabilidade
interna entre parcelas tenha reduzido a significância estatística de parte das comparações. Para
a cobertura vegetal, as composições exibiram trajetórias semelhantes e diferenças não
significativas na maioria das semanas, com leve vantagem para C2 apenas na semana final. No
total, apenas 29,16% das espécies inicialmente semeadas emergiram e se estabeleceram nas
parcelas, destacando Senecio conyzifolius, Sisyrinchium setaceum, Sisyrinchium micranthum,
Stevia sp. (C1), Verbena bonariensis, Cunila galioides e Eryngium ebracteatum (C2). Com
base nos resultados, a semeadura direta de espécies nativas campestres é uma estratégia viável,
ainda que desafiadora, para a criação de jardins naturalistas urbanos, apresentando potencial
para promover biodiversidade, atrair polinizadores e valorizar a flora regional. Apesar da baixa
taxa de estabelecimento das espécies, os resultados fornecem bases importantes para aprimorar
o uso de plantas autóctones dos Campos de Cima da Serra em projetos de paisagismo ecológico. |
|