Resumo:
A paisagem da Linha Temerária foi fortemente marcada pela colonização germânica a partir de 1860, quando ocorreu o assentamento dos primeiros grupos sociais europeus na localidade. Como forma de estabelecer relações e conexões de conhecimentos e aprendizados entre a paisagem como Marca-Matriz e os estudantes da comunidade rural, este estudo tem como objetivo principal evidenciar práticas a partir das experiências deles com o espaço no qual interagem cotidianamente. Mas, sobretudo, servir de referencial metodológico para o professor-pesquisador restabelecer suas práticas pedagógicas com o estudo do lugar pela leitura da paisagem. Tal proposta desvincula-se da ideia tradicional da escola apenas como o local onde os estudantes são tratados como protagonistas na construção do conhecimento do currículo escolar. O estudo promovido na localidade da Linha Temerária ocorreu no período de 2018 a 2019. Para tal, inicialmente, foi estabelecido um caminho metodológico, que iniciou com um levantamento bibliográfico, observações com registros fotográficos e reflexões durante uma jornada na Linha Temerária pelo professor-pesquisador. Após, continuou-se o projeto com os estudantes em ambiente escolar, em datas pré-estabelecidas com a direção escolar, entre meses de agosto a novembro de 2019. O projeto tinha como objetivo repensar uma forma de prática pedagógica, que tornasse relevante a perspectiva do lugar a partir da percepção do estudante e do professor-pesquisador. Ao interagir e socializar saberes e experiências foi possível constatar a percepção, a compreensão, a valorização e a motivação que eles possuem da sua localidade. Dessa forma, entende-se que a Escola se apresenta como epicentro para debates sobre a formação da identidade cultural, memórias e múltiplas narrativas sobre o espaço formatado pelos grupos sociais de um determinado lugar. Analisando as possibilidades de práticas educativas híbridas que o lugar e a paisagem local oferecem, professor e estudantes passam a serem construtores de sentidos sobre a realidade em que estão expostos, favorecendo os processos de ensino e aprendizagem, cujas ações estão voltadas para educação patrimonial e socioambiental. Por meio desta didática de ensino, que não se limita apenas a escola, desenvolvem cidadãos com senso crítico sobre a sua realidade, sua percepção e posição no lugar em que interage.