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Sangradouros são canais de drenagem das áreas úmidas do pós duna para o mar. Apresentam características transicionais dos ecossistemas marinhos e de água doce. Esse estudo visa analisar se dois sangradouros do município de Xangri-lá RS se comportam como micro estuários. Para isso, estudamos a dinâmica de parâmetros físico-químicos da água, principalmente da salinidade, como também a composição sazonal da ictiofauna. Estuários apresentam gradientes de salinidade verticais e longitudinais. Nas saídas de campo não foi verificado gradientes de salinidade no perfil longitudinal, com as salinidades variando entre 0,07 no verão até 0,15 na primavera e inverno, característica de águas oligohalinas. A curva acumulada de espécies se estabilizou para o Sangradouro 1, mas não para o Sangradouro 2, apresentando esse maior influência das áreas úmidas continentais. Comparando-se as 4 estações do ano, foram coletadas ao total 15 espécies nos dois sangradouros. Para o Sangradouro 1, o maior número de espécies (ponto 1) ocorreu no inverno. Nas estações mais chuvosas presenciamos a entrada de espécies marinho-estuarinas no ponto 1, como o gobídeo Ctenogobius shufeldti (Jordan & Eigenmann, 1887) no inverno e no outono, isso concomitante ao aumento da salinidade para o ponto 1. Semelhantemente, encontramos os mugilídeos Mugil curema Valenciennes, 1836 no outono e na primavera e Mugil liza Valenciennes, 1836 no inverno. Tivemos também a ocorrência dos Barrigudinhos Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) em todas as estações assim como da Jenynsia multidentata Jenyns, 1842, com exceção do outono. Para o ponto 2 do mesmo Sangradouro, o número de espécies se manteve o mesmo durante as estações, com diferença para o verão, quando não coletamos nenhum indivíduo; acredita-se que seja resultado da remoção da vegetação dos sangradouros por limpezas realizadas pela prefeitura, descaracterizando o ambiente. Para o Sangradouro 2 foram registradas 14 espécies, 7 espécies para o Ponto 1 e 10 espécies para o Ponto 2, com maior abundância de espécies no inverno seguido pela primavera para o ponto 1, enquanto no ponto 2 temos a mesma densidade de espécies no outono e no inverno. Para o Sangradouro 2, também encontramos espécies marinhas-estuarinas no Ponto 1, como o gobídeo Ctenogobius shufeldti no outono e no inverno e dos mugilídeos Mugil curema no outono, na primavera e também no inverno para esse sangradouro. O Mugil liza foi encontrado no inverno como no Sangradouro 1 e também na primavera. O sangradouro 2 apresenta grande ocorrência de espécies límnicas. De certo modo, podemos caracterizar os sangradouros estudados como micro sistemas estuarinos, pois, mesmo não apresentando gradientes de salinidade perceptíveis durante o estudo, apresentaram espécies marinho estuarinas nos pontos estudados próximos à praia para ambos sangradouros. Logo, os sangradouros podem atuar como micro-estuários quando há predominância do aporte de água salgada ou como micro-outlets quando a descarga de água doce nos períodos de maior pluviometria for mais expressiva, havendo maior influência dos ecossistemas lagunares sobre o sangradouro. |
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