Resumo:
A destinação final ambientalmente adequada e segura dos resíduos industriais representa um
dos maiores desafios para a sociedade contemporânea, pois seu gerenciamento inadequado
pode resultar em riscos à saúde pública e à qualidade ambiental, requerendo inovações
tecnológicas e soluções definitivas. O coprocessamento em fornos de produção de cimento
representa uma alternativa nobre para a destinação final de resíduos industriais, com a
possibilidade de recuperação energética dos mesmos, em substituição parcial dos
combustíveis fósseis e as matérias-primas tradicionais. Esta pesquisa tem por objetivo analisar
o panorama do coprocessamento dos resíduos industriais com características de
inflamabilidade no estado do Rio Grande do Sul, no período de 2010 a 2017, visando os
benefícios desta alternativa tecnológica para o ambiente e sociedade, com base nos dados
fornecidos pela FEPAM, através das planilhas trimestrais de resíduos do SIGECORS e dados
das unidades de blendagem e de coprocessamento localizadas no estado, referentes aos
resíduos destinados ao coprocessamento do período analisado. Os resultados apresentam
evolução da quantidade de resíduos industriais destinados ao coprocessamento desde a
implantação das unidades de blendagem e de coprocessamento no estado, representando a
eliminação do passivo ambiental na ordem de 92.611,02 toneladas no período analisado. Dos
resíduos destinados ao coprocessamento, os resíduos classe I gerados pela indústria mecânica,
metalúrgica, dentre outras, tiveram maior contribuição. Desta forma, pode-se concluir que a
exigência da Portaria 016/2010 impulsionou o desenvolvimento e aplicação da tecnologia de
coprocessamento no estado do RS, trazendo vantagens nos aspectos ambientais, sociais e
econômicos, se destacando como a alternativa disponível no estado que apresenta melhor
custo/benefício, desde que aplicada com os devidos controles ambientais e utilização de
combustível derivado de resíduos industriais de fontes confiáveis e seguras.