Resumo:
A vegetação terrestre da antártica é composta por líquens, briófitas e apenas três espécies de
fanerógamas. Dentre as briófitas, apenas musgos e hepáticas são conhecidos, com 113 e 27
espécies, respectivamente. As espécies de skuas mais abundantes da Antártica, skua-polar-dosul (Catharacta maccormicki Saunders, 1893) e skua-sub-antártica (Catharacta lonnbergi
Mathews, 1912), constroem seus ninhos utilizando a vegetação. O aumento do número de
ninhos de skuas relacionado ao aumento na cobertura vegetal das áreas livres de gelo sugere
uma forte associação entre as aves e vegetação. O objetivo deste trabalho foi analisar a
composição briológica dos ninhos de skua-polar-do-sul em Punta Hennequin, Ilhas Rei
George e de skua-sub-antártica, em Stinker Point, Ilha Elefante, Shetland do Sul, Antártica.
Foram coletadas amostras da vegetação presentes em 123 ninhos de skuas, das quais foram
identificadas apenas as briófitas. Além da composição de espécies, foi analisada também a
frequência de ocorrência das mesmas. Foram registradas 11 espécies em Rei George e 18 em
Elefante. As espécies que apresentaram maiores frequências de ocorrência nos ninhos foram
Polytrichastrum alpinum (Hedw.) G. L. Sm.,Chorisodontium aciphyllum (Hook. f. & Wilson)
Broth., Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske e Sanionia georgicouncinata (Müll.Hal.) Ochyra
& Hedenäs. Este estudo também resultou na identificação de quatro novas ocorrências para a
Ilha Elefante através dos ninhos das skuas: Bryum nivale Müll. Hal., Distichium capillaceum
(Hedw.) Bruch & Schimp., Ditrichum hyalinum (Mitt.) Kuntze, e Warnstorfia fontinaliopsis
(Müll. Hal.) Ochyra. Estas novas citações ampliam a distribuição geográfica destes táxons na
Antártica. Sugerimos que estas espécies tenham chegado até a Ilha com o auxílio das skuas. A
partir do presente estudo foi possível observar que as espécies mais frequentes e abundantes
nos ninhos das skuas são as mesmas com maior frequência e abundância nas demais áreas
livres de gelo das mesmas ilhas, além de ninhos de gaivotões (Larus dominicanus
Lichtenstein, 1823). Podemos considerar ainda que as skuas não têm preferência em relação
às espécies componentes de seus ninhos, utilizando principalmente aquelas mais disponíveis e
de fácil retirada.