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Responsáveis por crescente desequilíbrio ambiental, os contaminantes de preocupação emergente (CPE) são encontrados no ambiente em concentrações da ordem de nano e micrograma por litro, as quais, apesar de baixas, apresentam risco potencial para saúde humana e para os ecossistemas. Os CPE abrangem uma vasta gama de componentes como, fármacos, produtos de higiene e uso pessoal, hormônios, entre outros. Estes micropoluentes possuem ocorrência relatada em águas superficiais, residuais, águas subterrâneas e na água potável. Essa ocorrência generalizada se deve ao fato de que, além da persistência e introdução contínua, atualmente, as estações convencionais de tratamento de água e esgoto não são capazes de remover completamente os CPE. Dentre os inúmeros CPE, o 17α-etinilestradiol tem sido apontado como o principal composto responsável por provocar alterações endócrinas em organismos aquáticos e está entre os principais CPE encontrados em corpos hídricos e no esgoto bruto ou tratado. Neste sentido, fica evidente a necessidade de tratamento dos CPE por tecnologias alternativas. A biossorção representa uma alternativa promissora aos métodos convencionais, sendo uma técnica ecológica, econômica e eficiente para o tratamento de água. Considerando isso, o presente estudo se propôs a avaliar o potencial do musgo Sphagnum perichaetiale Hampe, sob as formas de biomassas úmida e seca, na remoção do hormônio sintético 17α-etinilestradiol em amostras aquosas sintéticas visando à aplicabilidade da técnica no tratamento de águas residuais e naturais. Os espécimes foram coletados, cultivados e mantidos em temperatura ambiente com luz natural. Os experimentos foram conduzidos com a biomassa úmida em diferentes quantidades (10 g e 20 g) e a biomassa seca (1 g) em diferentes granulometrias (granulometria 1 = 0,124 mm < diâmetro de poro < 0,053 mm; granulometria 2 = 0,248 mm < diâmetro de poro < 0,053 mm). Foram confeccionados três tratamentos de exposição ao 17α-etinilestradiol: tratamento 1 = 250 μg L-1; tratamento 2 = 500 μg L-1; tratamento 3 = 2500 μg L-1. Posteriormente, a concentração residual de 17α-etinilestradiol nas soluções foi mensurada através de cromatografia líquida de alta resolução (HPLC). O musgo S. perichaetiale demonstrou-se eficiente na remoção de 17α-etinilestradiol nas formas de biomassas úmida e seca com percentual médio de remoção de 63 % (495 μg L-1) e 65 % (676 μg L-1), respectivamente. A biomassa úmida apresentou maior remoção percentual e em concentração do hormônio 17α-etinilestradiol nos tratamentos 1 e 2, sendo a maior remoção de 78 % (200 μg L-1) com 20 g de massa. A biomassa seca demonstrou maior constância nos percentuais de remoção entre os tratamentos testados, sendo a granulometria 1 (0,124 mm < dp < 0,053 mm) a que demonstrou maior capacidade de biossorção entre os três tratamentos e também entre todos os experimentos conduzidos, com 66 % (1416 μg L-1) de remoção. Com isso, a utilização da espécie de briófita S. perichaetiale como biossorvente é bastante promissora, considerando a baixa quantidade de biomassa necessária e os níveis de remoção atingidos, tornando viável sua aplicabilidade para descontaminação de águas residuais e naturais como agente remediador. |
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