Literatura negro-brasileira na escola: proposta de sequência didática contra uma história única

Abstract

As práticas relacionadas à leitura literária na escola ainda parecem opacas ou mesmo silentes em se tratando da presença da literatura negro-brasileira. Tencionando contribuir para o debate acerca de um ensino-aprendizagem de literatura mais amplo e diversificado, realizou-se uma pesquisa bibliográfica para subsidiar uma proposta de intervenção prática comprometida com a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER). Em um primeiro momento, buscou-se identificar as razões do apagamento das produções negro-brasileiras dos bancos escolares e justificar a relevância e a necessidade de se propor mudanças. Para fundamentar a discussão, foi feito o cruzamento de dados obtidos na legislação vigente com estudos relacionados ao ensino de literatura na Educação Básica. Os caminhos teórico-práticos sugeridos para (re)pensar o ensino literário na escola incorporaram, essencialmente, os estudos de Amorim e Silva (2019), Colomer (2007), Cosson (2020, 2021), Duarte (2005), Lajolo (2018), Petit (2009), Rouxel (2013) e Silva (2005). As reflexões culminaram em uma sequência didática para os 6o e 7o anos do Ensino Fundamental a partir da obra “Os nove pentes d’África”, de Cidinha da Silva. A trajetória evidenciou a importância de o docente desenvolver uma consciência histórica, teórica e metodológica acerca do ensino literário e questionar práticas e pensamentos cristalizados.