Resumo:
A utilização de coagulantes de origem vegetal para tratamento de água surge como uma opção ambientalmente adequada ao tratamento convencional com sais de alumínio. A presença do metal alumínio no ambiente, além de causar poluição, está sendo relacionado como possível desencadeador de doenças associadas ao sistema nervoso central. Inúmeras plantas apresentam potencial para atuarem como coagulantes, destacando-se por serem solúveis em água, efetivos em ampla faixa de pH, livre de contaminantes tóxicos, não corrosivos, produção de lodo biodegradável e em volumes menores quando comparado aos tradicionais coagulantes químicos que costumam ser empregados. Objetivou-se neste estudo avaliar o desempenho do cladódio de pitaia (Selenicereus undatus) como coagulante natural no tratamento de água para consumo humano devido, principalmente, ao seu crescente cultivo na região de estudo. Sua eficiência no tratamento da água da lagoa Itapeva, município de Tores, RS, foi comparada com um coagulante natural (Moringa oleífera) e um coagulante comercial (sulfato de alumínio) convencionalmente utilizado nas Estações de Tratamento de Água - ETA. Para tanto, a influência das variáveis pH, tempo de agitação rápida e concentração dos coagulantes foi monitorada. Na otimização da metodologia de tratamento desenvolvida, os parâmetros de potabilidade turbidez (antes e após filtração), cor aparente, cor verdadeira e Carbono Orgânico Dissolvido – COD, foram acompanhados. A comparação entre os coagulantes mostrou uma atuação diferenciada dos coagulantes de origem vegetal frente ao coagulante químico. A pitaia apresentou melhor desempenho em condições de pH ácido, necessitando de um maior tempo de agitação rápida para que a etapa de coagulação e floculação fosse efetiva. A moringa demonstrou uma boa atuação em uma faixa de pH ampla, e necessitou de um tempo menor de agitação rápida. Quanto às concentrações ideais de atuação dos coagulantes, foi observado que cada parâmetro de potabilidade necessita de uma concentração específica e, a utilização de coagulante vegetal é mais dependente da etapa de filtração para obtenção de resultados satisfatórios. Após as otimizações realizadas nesse estudo, no que concerne aos limites impostos pela Portaria GM MS 888/21, para o parâmetro turbidez, foi possível a obtenção de valores abaixo do valor de 5 uT para os três coagulantes testados. O desempenho em relação ao parâmetro cor mostrou que apenas com uso do sulfato de alumínio e da pitaia em pH 3 foi possível obter valores menores que o limite de 15 uH previsto pela referida portaria. A possibilidade de uso do vegetal pitaia no tratamento de água para consumo humano mostrou a potencialidade dessa substância frente a importante etapa de coagulação e floculação. Percebe-se que há diferentes possibilidades de ampliação do estudo afim de que, todos os três parâmetros de potabilidade possam ser atendidos e assim, a pitaia possa ser seguramente utilizada na importante função pretendida. Por enquanto fica constatado que a pitaia deve ser empregada para outros usos que demandem menos restrição, especialmente no que diz respeito aos parâmetros cor aparente e COD.