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Estudos fundamentados no Conhecimento Ecológico Local (CEL) de pescadores artesanais têm se tornado significativos para a compreensão da ecologia e biologia dos recursos pesqueiros. O presente estudo teve como objetivo, reconhecer e registrar o CEL dos pescadores artesanais a respeito do ciclo de vida de bagres marinhos do gênero Genidens, das quais, duas espécies (Genidens barbus e Genidens planifrons) estão categorizadas como ameaçada e criticamente ameaçada de extinção, respectivamente. O estudo contou com a colaboração de 27 pescadores artesanais, de um total de 89 pescadores que estavam cadastrados e autorizados à pesca e comercialização dos bagres pelo contexto do Projeto MOPERT e foram entrevistados com o uso de questionários estruturados e semiestruturados. Dezoito pescadores identificaram 11 etnoespécies de Genidens spp. a partir de uma série de características observadas na morfologia externa dos bagres marinhos. As principais etnoespécies citadas foram: bagre ‘branco/cabeçudo’ (G. barbus), bagre ‘juru-bebê’ (G. planifrons), bagre ‘leitão/guri’ (G. genidens) e bagre ‘catinga’ (G. machadoi). A principal informação obtida através do CEL dos pescadores artesanais foi a descrição das rotas migratórias das quatro espécies de bagres marinhos perfazerem diferentes lagoas que compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí (BHRT) e que essa migração ocorre principalmente do Complexo Estuarino-Lagunar Tramandaí-Armazém para as lagoas do norte da BHRT. Também foram indicados locais de desova para as etnoespécies e desses locais, os mais descritos por 18 pescadores foram: Rio Tramandaí, Lagoa Tramandaí, Lagoa do Passo, Lagoa dos Quadros e Lagoa da Pinguela. Além disso, o presente trabalho trouxe um novo conhecimento para a ciência, através do registro de dimorfismo sexual a partir do CEL dos pescadores, demonstrando a possibilidade de se identificar os sexos, por meio de características externas dos indivíduos. Dessa forma, os resultados obtidos nesse estudo, a partir do CEL dos pescadores, podem auxiliar no manejo dessas espécies e levantar novas hipóteses principalmente pelas rotas migratórias que as espécies perfazem e ainda apontar os locais de desova como possíveis áreas de proteção ambiental no período em que as espécies estão se reproduzindo. |
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