Resumo:
O processo de implementação e empoderamento social de práticas tecnológicas
como forma de adaptação para o enfrentamento da insegurança hídrica em
comunidades rurais vulneráveis é reconhecidamente relevante e, ao mesmo tempo,
um grande desafio. Com atuação no norte do Estado do Rio Grande do Sul, o
Projeto de Segurança Hídrica do Centro de Tecnologias Alternativas Populares, uma
Organização da Sociedade Civil – ONG CETAP – com foco no desenvolvimento
sustentável do meio rural implantou, diante desses desafios, um conjunto de
sistemas de captação, armazenamento, conservação e uso da água entre outras
práticas numa comunidade rural vulnerável denominada Enxovia, localizada no
município de Monte Alegre dos Campos/RS. Esta dissertação inclui a descrição
breve de minha trajetória até o projeto de Segurança Hídrica no CETAP; um relato
de experiência, sistematização e avaliação qualitativa da implantação do referido
projeto como um estudo de caso, com base na vivência direta como membro ativo
em todo o transcorrer do projeto; e a elaboração de um Boletim Técnico descritivo do
passo a passo para elaboração de Cisternas e um vídeo, ambos destinado à
divulgação destas tecnologias para segurança hídrica. Neste processo, resultou a
construção de infraestrutura hídrica (Cisternas com a tecnologia ferrocimento e
sistemas de distribuição da água da chuva), além da difusão sobre a conservação
dos recursos hídricos através de reflorestamento com espécies de interesse
ecossistêmico e econômico, assim como, a instalação de bebedouros para animais
de criação, atendendo demandas socioambientais dos beneficiários da comunidade
da Enxovia, que participaram da aplicação de tais técnicas. São práticas simples e
muito úteis, porém, pouco difundidas. É importante registar que a maior dificuldade
do sucesso do projeto relaciona-se às múltiplas faces de vulnerabilidade social, que
geram impedimentos para a maior participação da comunidade, perceptível na
desmotivação de muitos dos membros da comunidade. Com efeito, os projetos de
difusão de tecnologias apropriadas colaboram substancialmente para a segurança
hídrica, mas devem estar associadas a outras atividades de cunho sócio-político
para assim, efetivamente somar na qualidade de vida das pessoas em condição de
vulnerabilidade socioambiental.