A construção da agroindústria coletiva de mulheres do assentamento Liberdade no Futuro: uma história de luta

Abstract

Nessa monografia estudei como acontece a inserção das agroindústrias familiares nos mercados agroalimentares. O objetivo geral foi compreender o processo de formação da agroindústria coletiva das camponesas do Assentamento Liberdade do Futuro, em Sant’Ana do Livramento/RS, como uma estratégia para acessar mercados agroalimentares. Utilizei como método o estudo de caso. Como abordagem metodológica, utilizei um roteiro de questões, aplicado nas entrevistas com cinco mulheres feirantes que fazem parte da agroindústria coletiva. A comercialização informal dos queijos antes da construção da agroindústria, acontecia com base na confiança entre as mulheres assentadas e os(as) consumidores(as), confiança com base na ideia de qualidade ampla. O cenário de pressão da legislação voltada a grandes agroindústrias e à fiscalização dura sob produtos de origem animal, determinam o que pode ou não ser comercializado e consumido, como forma de diferenciar um produto que tem ou não qualidade. A agroindústria coletiva nasce para formalizar a produção de queijos e possibilitar o acesso aos mercados agroalimentares, embora existam muitas dificuldades para construir a agroindústria e acessar os mercados, garantindo um produto de qualidade e acessível a quem é trabalhador(a). Esse grupo de mulheres que protagoniza a agroindústria coletiva é fruto do trabalho coletivo realizado pelas bases e formações do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), expressando a força e empoderamento do feminismo camponês popular. As dificuldades encontradas para formalizar uma agroindústria coletiva de famílias assentadas não está de acordo com a realidade da agricultura familiar, necessitando que a legislação e a postura dos órgãos fiscalizadores sejam revistas.