Resumo:
Esta dissertação tem como objetivo compreender os desafios e as possibilidades da enfermagem
em contexto de pandemia: saúde e sustentabilidade nas práticas do cuidado. A opção por um
espaço na saúde do trabalhador demonstra a consonância do presente trabalho com teorias que
abordam saúde e qualidade de vida como produto da sustentabilidade, considerando a pessoa,
o ambiente e o contexto social nesse processo. Os profissionais da enfermagem, nesse momento
da pandemia da Covid-19, têm ganhado destaque a respeito do adoecimento do trabalhador,
principalmente quando se relaciona ao ambiente hospitalar. Tais profissionais estão expostos
em contato direto com o vírus, além de vivenciar ambientes repletos de dores, angústias,
tensões, jornadas de trabalho extensas e em ambientes fechados, fatores que podem levar ao
processo de adoecimento mental ou físico. Essas dificuldades podem gerar impacto negativo,
prejudicando a vida familiar, social, pessoal, laboral, a compreensão de si mesmo e dos outros,
a capacidade de autocrítica, a aceitação dos problemas e de ter prazer na vida em geral. Como
estratégia metodológica, foi desenvolvida uma pesquisa com abordagem qualitativa sob a forma
de entrevista narrativa para a coleta e análise de dados. A partir da história oral contada por
enfermeiras e por enfermeiros, considerando as suas práticas, desafios e estratégias vividos
durante a pandemia da Covid-19, foi evidenciada a presença de quatro categorias: as
repercussões na prática da enfermagem; a enfermagem: o elo entre a família e o paciente; os
estressores no cotidiano da enfermagem; e o cuidado de si. Além dos sentidos específicos
produzidos por cada profissional, o fazer das diferentes práticas converge para o cuidado com
o próximo. A prática de liderança, foi um aspecto muito destacado nas falas dos participantes
da pesquisa. A identificação desses profissionais como líder da equipe, subsidiado por
diferentes saberes, pode contribuir para mais humanização no processo de trabalho da equipe
de enfermagem. A conclusão aponta que os fatores que contribuem para o sofrimento psíquico
desses profissionais foram intensificados nesse período da pandemia e apresentaram poucas
estratégias de autocuidado, mostrando um repertório empobrecido para lidar com as condições
de estresse cotidianas inerentes ao seu trabalho, que possam promover saúde e qualidade de
vida, prevenindo o processo de adoecimento.