Resumo:
Sabemos que o patrimônio
cultural é composto por monumentos, conjuntos de construções e sítios arqueológicos, de
fundamental importância para a
memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza
das culturas. Sabemos que, com
a preservação do patrimônio
cultural, podemos conhecer a
história de um lugar, sua arte,
tradições e saberes de um determinado povo. Saber é riqueza
que transborda. Preservar e valorizar os elementos culturais de
um povo é também manter viva
a sua identidade. E quem preserva é construtor de cidadania.
“Taipas de Pedras” é o resultdo da dissertação de Mestrado
Profissional em Ambiente e
Sustentabilidade (UERGS), de
Ismael Jesus Klein, que constrói
uma continuidade da história no
município de São Francisco de
Paula, onde as taipas ainda existem e nos fazem
refletir sobre estilos de vida e
expressão desta vida. Taipa é o
nome regional dado aos “muros
de pedra de junta seca”, ou muros construídos com blocos de
rochas, sem uso de argamassa.
Estas construções, tão comuns
na região dos Campos de Cima
da Serra, são testemunhas de
mudanças na paisagem, ao longo dos últimos séculos.
Os muros de pedra foram construídos para servir de divisa de
propriedades, corredores para
condução de tropas de animais,
cercados para controle dos rebanhos, e até mesmo para delimitar cemitérios particulares
e comunitários. Edificadas a
partir de afloramentos rochosos presentes nos campos, são
extremamente resistentes às
intempéries, e estão integradas na paisagem, servindo de
abrigo para a fauna e a flora
local. As taipas já são consideradas patrimônio cultural domunicípio de São Francisco de
Paula (Lei Nº 3525/2020) e são
consideradas marcas históricas
nesta paisagem.
Sabemos que só é possível proteger e cuidar do que conhecemos. E só conhecemos quando
a informação é difun dida, divulgada. Quando o conhecimento é repassado para as pessoas, sem floreios ou linguagem
rebuscada. É nesta transmissão
de informações, que nos apropriamos do seu significado, e
assim ajudamos na preservação
do que é informado. Quando
cuidamos dos nossos bens culturais, preservamos nossa identidade e nos enxergamos nestas
referências com a cidade, com a
região. Somos validados como
seres, que pertencem a uma história. Perder, ou ver alteradas,
nossas manifestações arquiteturais e paisagísticas é também
perder os referenciais, que permitem nossa identificação com
o lugar em que vivemos. Neste
caso, a dissertação do Ismael,
nos convida a enxergar as taipas
como paisagem típica dos Campos de Altitude, ecossistema do
Bioma Mata Atlântica de grande biodiversidade e beleza cênica. E conservar os Campos de
Altitude é também conservar a
identidade dos serranos. Se quisermos continuar nos enxergando como tais, é preciso seguir o
processo de primeiro conhecer
o seu ambiente, para então conservar, proteger e cuidar.
E este cuidado inicia-se com a
leitura deste livro, uma ferramenta linda para despertar o desejo de vivenciar esta experiência histórica, que são as taipas
nos Campos de Cima da Serra.