Resumo:
Os corpos hídricos são áreas suscetíveis à ação antrópica, e a presença de
contaminantes pode levar a alterações importantes. Os contaminantes aquáticos
incluem patógenos, resíduos orgânicos, sedimentos, nutrientes e contaminantes
químicos. As áreas estuarias são ambientes de muita fragilidade e vulnerabilidade, e
a pressão antrópica causa diversos desequilíbrios na sua dinâmica natural. O sistema
Estuarino Tramandaí-Armazém é um bom exemplo desta circunstância, apresentando
um meio bastante impactado por seus diferentes usos, além de ser vulnerável à
oscilação da população (efeitos do turismo de veraneio). Este trabalho teve como
objetivo utilizar a manjuba (Lycengraulis grossidens) como bioindicador da qualidade
das águas do estuário Tramandaí-Armazém em diferentes períodos do ano utilizando
biomarcadores de genotoxicidade e estresse oxidativo. Além disso, foi avaliada a
presença de contaminantes emergentes nas águas coletadas no local. Os peixes e a
água foram coletados em dois pontos de amostragem ao longo do Estuário
Tramadaí/Armazém no ano de 2021. Na água foi avaliada a presença de agrotóxicos
e medicamentos, e nos peixes foram realizadas avaliados os seguintes parâmetros:
atividade da acetilcolinesterase, níveis de tióis não proteicos, atividade da glutationaS-transferase (GST), atividade da catalase, níveis de substâncias reativas ao ácido
tiobarbitúrico e presença de micronúcleos. Foram encontrados nove compostos
diferentes nas águas do estuário, entre medicamentos e agrotóxicos, e a presença se
deu especialmente em períodos com menor precipitação pluviométrica (baixa
temporada), não havendo correlação com o aumento populacional na época de
veraneio. Nos peixes foi possível observar um aumento de tióis não proteicos, como
a glutationa, e de GST em baixa temporada, o que indica que as alterações ocorridas
nos animais estão mais relacionadas com processos de detoxificação do que com
qualquer outro tipo de dano, visto que não foi observado dano oxidativo em lipídeos e
em DNA.