Resumo:
O uso indiscriminado de antibióticos tem contribuído para o surgimento de micro-
organismos resistentes, principalmente os causadores de doenças com alta morbidade.
Adicionalmente, o câncer é uma doença de alta prevalência e morbidade no Brasil e,
por este motivo, configura-se como um importante problema de saúde pública. Estes
fatos, somados aos efeitos adversos dos tratamentos atualmente disponíveis, justificam
a importância de estudos que avaliem o potencial antineoplásico e antimicrobiano de
ativos vegetais. Características reprodutivas, estruturais e bioquímicas colocam as
briófitas como potenciais fontes de compostos que possuam atividade biológica de
interesse farmacológico. Phyllogonium viride Brid. é uma espécie epifítica,
pleurocárpica, reconhecida facilmente pelo hábito pendente, cor verde-amarelada e seu
aspecto paleáceo. Utilizando a espécie supracitada, a presente dissertação, teve como
objetivos: 1) avaliar o conteúdo fenólico, o potencial antimicrobiano e antioxidante dos
extratos etanólicos frente às principais bactérias patogênicas Salmonella enterica
serovar enteritidis, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes e Escherichia coli,
bem como frente aos principais patógenos fúngicos de importância clínica Candida
albicans e Cryptococcus neoformans; e, 2) determinar a atividade antineoplásica do
óleo essencial em células tumorais de câncer de mama (MCF7) e câncer colorretal
(HCT116) e na linhagem não tumoral de queratinócitos humanos (Hacat). Os
resultados mostraram que as atividades bacteriostática e bactericida ocorreram em
concentrações que variaram entre 9,76μg/mL – 78,13μg/mL entre todos os micro-
organismos avaliados. Estes valores, para os critérios utilizados, consideram o extrato
de P. viride como potente antimicrobiano, porém fraco para a atividade antioxidante
(EC50 de 285,752 μmL-1
). A análise do conteúdo fenólico é inédita para musgos e
mostrou uma vasta gama de compostos, sendo Kamferol (0,41mg/g) o composto
majoritário, seguido do ácidos t-cinamico e caféico (0,17mg/g). Quanto ao óleo
essencial, os principais constituintes foram Beta-cariofileno (17,06%); Beta-
chamigreno (14,02%); Beta-bazzaneno (20,30%) e Germacreno B (11,72%). Tanto
para MCF7 e MCT116 quanto para Hacat as concentrações testadas não evidenciaram
uma curva de dose-dependência e a inibição máxima da viabilidade nessa faixa de
concentrações foi de 10% e 12%, respectivamente, sendo considerado fraco
antineoplásico. P. viride é uma espécie de musgo ainda não referenciada em
publicações científicas de interesse biotecnológico clínico, mas que demonstrou ter
potencial promissor para novos estudos e possível aplicaçãoo extrato etanólico bruto
como antimicrobiano de origem natural e/ou novos agentes anticancerígenos. Além
disso, a caracterização dos compostos presentes no óleo essencial e no extrato bruto de
P. viride pode levar a uma maior elucidação das potencialidades biológicas existentes.