Resumo:
O Brasil conquistou aumentos significativos na produtividade agrícola a partir dos anos
de 1990 e se tornou um dos principais países do agronegócio mundial. A utilização de
agrotóxicos aumentou a eficiência na produção de alimentos, no entanto, quando essas
substâncias químicas são aplicadas nas culturas de interesse agrícola, podem contaminar
o solo e resíduos de agrotóxicos são introduzidos no ambiente aquático. Os agrotóxicos
tem o potencial de produzir efeitos tóxicos em organismos não alvo e quando estão
presentes na água de abastecimento público podem causar intoxicações na população.
Neste sentido, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a qualidade da água do rio Herval
Novo que abastece a cidade de Três Passos/RS. Foram coletadas amostras de água bruta
em três pontos: na nascente do rio, na represa de captação da Companhia de Saneamento
e a jusante do ponto de captação. Também foi coletada uma amostra de água tratada no
perímetro urbano e de um poço artesiano em uma comunidade rural, totalizando cinco
pontos. Foram realizadas duas campanhas de amostragem, uma no verão e outra no
outono. Nas amostras de água bruta e tratada foram analisados os parâmetros pH, cor,
turbidez, nitrato, fósforo e sessenta e seis princípios ativos de agrotóxicos e na água do
poço artesiano somente a análise de agrotóxicos. As análises físicas e químicas de pH,
cor, turbidez, nitrato e fósforo não apresentaram alterações nas amostras coletadas no Rio
Herval Novo e na água tratada e estão de acordo com o padrão de potabilidade
estabelecido pela legislação. Nas análises multirresíduos para agrotóxicos, na coleta do
verão, foram identificados os agrotóxicos atrazina, carbendazim, clomazone,
imidacloprido, linuron e 2,4-D. Na coleta do outono, foi identificado apenas o agrotóxico
atrazina na água do rio e na água tratada. O estudo mostrou que existe contaminação por
agrotóxicos na água do rio, na água tratada e no lençol freático.