Resumo:
Este trabalho investiga a expressividade de gênero e sexualidade por meio da
dança, com foco na cultura Ballroom e na prática do Vogue em Porto Alegre e
região, seguindo teorias de expressividade de autores como Sally Banes, José Gil e
Judith Butler. A pesquisa busca compreender como esses espaços performáticos
funcionam como territórios de construção de identidade, pertencimento e resistência
cultural para corpos LGBTQIAPN+, especialmente para pessoas trans, não binárias,
periféricas e dissidentes. A abordagem metodológica adotada é qualitativa, com
base na etnografia e em estudos de caso, utilizando entrevistas semiestruturadas
com membros da cena Ballroom — em sua maioria integrantes da House of Harpya
e um participante 007 — além de observações em eventos e ensaios, registros de
campo e análise de performances. A investigação se ancora em referenciais
teóricos sobre corpo, dança, performatividade de gênero e representatividade,
dialogando com autores como Judith Butler, Joan Scott, José Gil, bell hooks, Gloria
Anzaldúa, José Esteban Muñoz, e pesquisadores brasileiros como Douglas Barros
Gomes, Beatriz Moura, Felipe Hilário e Mariana Alvarenga. A pesquisa também se
articula com autores da cena Ballroom nacional e internacional, valorizando o saber
produzido a partir das margens. Como desdobramento prático da pesquisa, foi
criado um vídeo-dança-documental no qual os depoimentos dos entrevistados são
entrelaçados a registros audiovisuais de improvisações em Vogue, desenvolvidas a
partir de suas vivências e expressões individuais. Essa obra busca dar visibilidade
estética e política aos discursos e corpos que desafiam normas cis-
heteronormativas, promovendo um encontro entre arte e reflexão crítica. Com isso,
o trabalho pretende contribuir para a valorização das expressões dissidentes na
dança, questionando estereótipos de gênero e fortalecendo o reconhecimento da
cultura Ballroom como um potente campo de criação artística, resistência e
afirmação identitária.