Esta dissertação aborda a luta social de catadoras e catadores de materiais recicláveis
que atuam nas associações e cooperativas de Porto Alegre/RS, no sul do Brasil,
contratadas pelo poder público municipal. Essas trabalhadoras e esses trabalhadores
da reciclagem, cujo trabalho é a triagem de resíduos provenientes da coleta seletiva
e o posterior encaminhamento para a destinação ambientalmente adequada, atuam
de forma estruturada desde os anos 1990, mas sem as mínimas condições para o
desenvolvimento da sua atividade, como a oferta de estruturas físicas de trabalho
seguras e protegidas e a existência de um contrato de prestação de serviços que
remunere o serviço prestado. A pesquisa foi orientada pela questão central: "de que
forma se articulam as forças e as estruturas sociais que marginalizam e subalternizam
o trabalho das catadoras e dos catadores?". Para investigar essa realidade, o percurso
metodológico incluiu a etnografia, que possibilitou contar parte da história da luta
social dessa categoria, e a Investigação-Ação-Participativa (IAP), na qual a
pesquisadora se posicionou como militante da causa, engajando-se ativamente no
campo e atuando junto à luta social dessas trabalhadoras e desses trabalhadores. Ao
final da jornada do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade da
UERGS (pois a luta continua mesmo após a entrega da dissertação), foi possível
revelar uma teia de opressão que envolve a realidade de catadoras e catadores e
expor a parcela de responsabilidade de cada um dos atores sociais envolvidos com o
tema na perpetuação de tamanha violação de direitos humanos.