Resumo:
O presente trabalho visa apresentar a relação entre a formação de leitores e a narração de histórias. Para isso, busquei em minha memória as experiências enquanto narradora oral. A pergunta geradora e motivadora para realizar este Curso de Especialização foi: podemos formar leitores pela perspectiva da performance realizada numa sessão de contação de histórias? Formar leitores num viés mais dinâmico parece ser mais fácil visto num primeiro momento, mas vemos que o trabalho do narrador oral é tão laborioso quanto qualquer outra profissão. Para este estudo, pesquisei os conceitos sobre leitura e as relações entre texto, autor e leitor como apontam as autoras Koch e Elias, entre outros. Precisamos compreender nitidamente as questões acerca da leitura para sabermos quais textos e livros são mais adequados para cada faixa etária de crianças e de adolescentes, e também quais textos são mais apropriados para adultos. Ademais, precisamos antever qual será o público, principalmente no quesito idade e local, que estará presente numa roda de histórias, pois necessitamos estar atentos à imprevisibilidade, que poderá ou não ocorrer. A performance aqui destacada será embasada no conceito previsto pelo estudioso da
área, Paul Zumthor. Por conseguinte, o trabalho escultório do contador de histórias requer tempo para aprofundar os próprios estudos. É um trabalho solitário, mas muitas vozes ecoam no processo de amadurecimento. Celso Sisto, um exímio contador de histórias, escritor e professor, trouxe-me muitos aprendizados no universo tão vasto da narração oral. Um longo caminho já fora percorrido, e, nessa trajetória, fui tecendo
várias fábulas para preencher os espaços vazios. Somos na verdade A espécie fabuladora, como teoriza Nancy Houston, porque precisamos das narrativas para sobreviver; nós, humanos, temos a consciência de que nascemos e de que um dia iremos deixar esta morada terrena. Estamos nesta vida sempre em busca de sentido, e isso é para satisfazer a nossa existência, ou tentar. Sabemos que as histórias e as diversas leituras têm poder de mudar e, ouso dizer, de transformar a vida para melhor e para pior, infelizmente, quando se tem uma história só. Por tantas voltas da memória e das minhas experiências, vou costurando histórias. Empresto meu corpo para elas me habitarem. É na voz e na performance que as narrativas ganham vida, com todos os seus desdobramentos. O trabalho de conclusão deste Curso não tem um ponto
final, mas, sim, pontuações, porque as histórias nunca têm fim: elas continuam reverberando como ondas.