Resumo:
O Parque Estadual de Itapeva (PEVA), Unidade de Conservação localizada no
município de Torres, Rio Grande do Sul, abriga um mosaico de fitofisionomias que
representam um remanescente das formações pioneiras do litoral rio-grandense. A
biodiversidade preservada no PEVA é objeto de diversos estudos científicos como
também ferramenta para interpretação ambiental da sociedade. O objetivo desta
dissertação foi conhecer as espécies de briófitas, bem como a distribuição dessas nas
diferentes fitofisionomias (baixadas úmidas, mata arenosa, mata paludosa e mata
sobre morros) e a relação com os grupos briocenológicos existentes, contribuindo
para a revisão do Plano de Manejo, para o conhecimento taxonômico da flora
briológica do Rio Grande do Sul, e também com uma ferramenta para auxiliar as
atividades de educação ambiental desenvolvidas no PEVA a fim de valorizar a
biodiversidade do local. Os resultados foram organizados em quatro capítulos. O
método de caminhamento foi utilizado para realizar o levantamento florístico,
resultando na identificação de 98 espécies, 46 gêneros e 31 famílias. As espécies
estão distribuídas entre hepáticas (50 spp.), musgos (48) e antóceros não foram
encontrados. Foram identificadas 12 espécies como novas ocorrências para o estado
do Rio Grande do Sul. As amostras foram coletadas em diferentes substratos naturais
e artificiais, disponíveis nas fitofisionomias denominadas baixadas úmidas, mata
arenosa, mata paludosa e mata sobre morros. Os grupos briocenológicos mais
expressivos em relação à quantidade de espécies foram corticícola (68 espécies),
epíxila (22), arenícola (13) e terrícola (11). O grupo casmófita apresentou apenas oito
espécies, o saxícola apenas seis e epifila apenas duas. A riqueza de espécies está
distribuída de forma heterogênea nessas fitofisionomias: mata sobre morros (67
espécies, 35 musgos e 32 hepáticas); mata paludosa (39, 20 musgos e 19 hepáticas);
mata arenosa (11, oito musgos e três hepáticas) e baixadas úmidas (nove, seis
musgos e três hepáticas). A variação da composição florística entre as fitofisionomias
e tipos de substratos, avaliadas através de análises de Agrupamento por Média de
Grupo (UPGMA), utilizando o coeficiente de similaridade de Jaccard e ordenação
(Análise de Correspondência - CA), demonstraram uma elevada diferenciação
florística entre as fitofisionomias (valores de Jaccard< 0,35). Além da baixa
similaridade de espécies entre os substratos amostrados (<0,2). Os aspectos
relacionados à disponibilidade e peculiaridades dos substratos sugerem que há uma
grande influência desses na singularidade brioflorística de cada fitofisionomia,
reforçando a importância da conservação dos remanescentes existentes no PEVA.
Demonstram também a necessidade de mais inventários florísticos no estado,
especialmente no Litoral, onde ainda é desconhecida grande parte da brioflora
existente. Além de ressaltar a potencialidade dessa unidade de conservação como
ferramenta para conscientização ambiental.