A pecuária familiar apesar de ser bastante presente na Pampa Brasileira é uma categoria que pouco se ouve falar. Ainda mais invisibilizadas são as mulheres nessa categoria social. Nesse contexto, essa pesquisa teve como objetivo geral mostrar as trajetórias de vida e de luta das mulheres na pecuária familiar. De forma específica, buscou descortinar suas identidades, pesquisar as características do trabalho feito por elas, e estudar os saberes tradicionais que guardam. Para tanto, entrevistamos cinco mulheres pecuaristas familiares de Santana do Livramento com auxílio de um roteiro de questões, também utilizamos fotografias. Em comum, elas têm o gosto pela vida no campo, pela pecuária e a resiliência para continuar diante das dificuldades. Essas mulheres exercem atividades no âmbito considerado produtivo e no âmbito considerado reprodutivo quando há ou não homens na propriedade. As mulheres na pecuária familiar também costumam ser guardiãs de saberes tradicionais relacionados ao conhecimento, cultivo e uso de plantas medicinais, utilização de benzimentos e simpatias para o cuidado das pessoas e dos animais. Entendemos que invisibilizar as mulheres e seus trabalhos, e pintar a pecuária familiar como masculina, quando também não é invisibilizada, é uma estratégia bem pensada para manter as relações de poder historicamente constituídas na Pampa Brasileira. A principal contribuição dessa pesquisa foi desconstruir a pecuária familiar como categoria masculina. A partir dos relatos de vida, de trabalho e de luta das mulheres nessa categoria social, mostramos que elas não podem ser invisibilizadas, pois são “sujeitas” importantes na construção da pecuária familiar no território.