A arte da pesca sempre esteve presente nos municípios de Imbé e Tramandaí ao longo da história se mantendo até hoje com os pescadores artesanais. Essa prática é realizada desde os tempos de ocupação do litoral do Estado do Rio Grande do Sul pelos indígenas, fato comprovado pelos sambaquis, onde são encontrados anzóis de ossos e redes de fibras de plantas. Atualmente há poucos dados relacionados às dinâmicas pesqueiras e sobre o conjunto de petrechos utilizados pelos pescadores do litoral do Estado. Por esse motivo foi feito um levantamento através de dados preliminares do Projeto MOPERT para investigar aspectos da dinâmica da atividade pesqueira. Por meio de entrevistas, 60 pescadores informaram os principais locais, petrechos e espécies-alvo presentes em suas atividades de pesca. A Lagoa Tramandaí foi o local citado como mais importante para os pescadores entrevistados, apresentando inclusive sazonalidade de uso homogênea ao longo do ano. Também foram citadas outras lagoas, com predominância ou sendo exclusivamente de águas dulcícolas (ex. Lagoa das Malvas, Osório/RS). Também foi registrada pesca nas praias arenosas e no mar, ainda que em menor escala. Foi possível perceber uma mobilidade dos pescadores em relação aos seus locais de pesca, possivelmente devido as safras de tainha e camarão. Considerando as artes de pesca para a realização da atividade, foram descritos 8 grupos de petrechos utilizados pelos pescadores com 12 tipos de pescarias. Foram descritas uma grande diversidade de petrechos utilizados pelos pescadores para uma pequena região estuarina. Os petrechos foram discriminados a partir de suas características físicas, dinâmica de uso e espécies-alvo. Os grupos de emalhe de águas interiores e tarrafa foram os mais citados e com maior importância relativa. Também foi descrito o uso do berimbau, de modo relutante e com poucos detalhes, devido a proibição de seu uso. Para investigar a relação petrecho-local-espécies, os locais de captura foram discriminados em três ambientes, segundo suas características de salinidade. Os ambientes: doce e estuarino apresentaram maior variedade de petrechos em relação ao marinho (doce = 8, estuarino = 8; marinho = 7). Foi observado que os pescadores utilizam diversos ambientes de acordo com os recursos pesqueiros almejados. De acordo com os entrevistados a tainha, o bagre e o camarão são os recursos pesqueiros de maior grau de importância. Além de serem as espécies mais abundantes na região, também possuem um alto valor econômico.