Resumo:
Com a elevada geração de resíduos sólidos urbanos, a compostagem da fração orgânica é
considerada uma alternativa promissora à minimização dos impactos, pois diminui a
destinação de resíduos a aterros controlados e sanitários, dispensando seu transporte e
disposição em células, bem como possibilita o cultivo de alimentos e/ou plantas a partir da
produção de composto. Nesse sentido, no presente estudo objetivou-se implantar,
operacionalizar e avaliar dois processos de compostagem descentralizada para resíduos
sólidos urbanos. O estudo foi desenvolvido no segundo semestre de 2020, no município de
Três Passos, localizado no Noroeste do Rio Grande do Sul (RS). A metodologia utilizada
consistiu em avaliar os processos aeróbio e anaeróbio de compostagem em escala piloto, a
partir da alimentação diária de resíduos, os quais foram picados e pesados. No processo
aeróbio, a aeração foi realizada três vezes por semana no primeiro mês e após uma vez a cada
cinco dias. Também, foram controlados os parâmetros operacionais de monitoramento nas
composteiras, temperatura, pH, umidade atual e condutividade elétrica (CE). A temperatura
foi monitorada diariamente com termômetro de mercúrio, enquanto que pH, umidade e CE
foram monitorados a cada sete dias. O pH e a CE foram monitoradas, respectivamente, com
pHmetro e condutivímetro de bancada, e a umidade foi mensurada por diferença de massa,
antes e após a secagem da amostra em estufa (65 ºC ± 5,0 ºC), até massa constante (cerca de
48 horas). Ao final do processo de compostagem, após cerca de 90 dias da última
alimentação, foram coletadas amostras de composto de ambas as composteiras para a
realização de análises físico-químicas, como carbono orgânico, nutrientes, densidade seca,
porosidade, entre outros. Como resultados, os picos de temperatura foram observados aos 49
dias de operação para a composteira aeróbia e aos 56 dias para a anaeróbia, quando esta
última atingiu valores muito próximos a fase termófila (> 40 ºC), os percentuais de umidade
em ambas as composteiras não apresentaram grandes variações, ficando entre 50 a 65% e ao
final do processo observou pH médio de 9,8 para o composto tratado em condições aeróbias e
10,2 para o composto tratado em condições anaeróbias. Os compostos gerados apresentaram
características semelhantes de carbono orgânico (~15%), próximo ao valor de referência para
fertilizantes orgânicos, assim como de macro e micronutrientes e demais parâmetros
analisados. Desse modo, os processos de compostagem foram considerados benéficos, pois
possibilitam a redução de resíduos destinados a aterros sanitários e a produção de compostos
orgânicos com potencial de melhorar os atributos e a densidade do solo.