Há mais de 200 anos, nos Campos de Cima da Serra, nordeste do estado do Rio Grande do Sul,
extremo sul do Brasil, é produzido o Queijo Artesanal Serrano (QAS), de modo tradicional e
artesanal, por produtores familiares, a partir de leite cru, ordenhado preponderantemente de
vacas de raças de corte. Diante deste cenário, onde o Queijo Artesanal Serrano é tão importante
como atividade histórica, social e econômica de muitos produtores familiares, e ao mesmo
tempo com dificuldades nas relações com os marcos legais, o enfoque proposto foi utilizar a
perspectiva dos Sistemas Agroalimentares Localizados (SIAL), nas dimensões institucional e
alimentícia a fim de analisar a produção deste queijo nos níveis de relação entre produtores e
instituições ligadas a esta atividade, a percepção dos consumidores em relação ao produto, e
quais as perspectivas futuras para esta organização da produção. Através de aplicação de
roteiros semiestruturados, foram avaliadas mudanças na produção do Queijo Artesanal Serrano
nos últimos 10 anos. Entretanto, a mobilização coletiva em torno do QAS permanece frágil,
levando à definição de SIAL do QAS como um SIAL na forma passiva. Também foi verificada
forte relação com o produto pautada na confiança do mercado consumidor, fazendo com que a
atividade se perpetue apesar de a maior parte dos produtores não estar adequado as exigências
legais.