Os ostracodes são crustáceos aquáticos que possuem uma carapaça composta por duas valvas quitino-calcíticas, que permitiram um amplo registro fóssil. Esse fator, juntamente com a sensibilidade a parâmetros ambientais e história evolutiva, faz os ostracodes apresentarem amplas possibilidades de aplicações paleoceanográficas, que refletem no crescimento dos estudos com o grupo. Entretanto, ainda existem lacunas no conhecimento a respeito desses organismos em relação ao Quaternário e alguns locais da margem continental brasileira (MCB), como é o caso da Bacia do Espírito Santo. Sendo assim, esse trabalho buscou identificar os gêneros de ostracodes da bacia. Os espécimes foram identificados em 11 amostras retiradas do testemunho a pistão ESP–08, recuperado pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). Esse estudo apresentou evidências que permitiram correlacionar a riqueza de gêneros encontrada com eventos paleoceanográficos, além de contribuir com novas informações acerca dos ostracodes desse setor da MCB. Foram identificados 20 gêneros, sendo que o máximo encontrado em uma amostra foi 15 e o mínimo, sete. Além disso, os gêneros mais frequentes foram Argilloecia, Cytheropteron e Pseudocythere, sendo identificados em todas as 11 amostras. Analisando os dados, as curvas de riqueza geradas e utilizando literatura especializada, foi possível relacionar as variações de diversidade com eventos paleoceanográficos, em especial os estágios isotópicos marinhos – EIM – 2 (Ultimo Máximo Glacial), 5 e 1. Mesmo que esse trabalho forneça informações zoogeográficas importantes, são necessários mais estudos para corroborar as hipóteses aqui propostas.