Resumo:
O município de Osório, litoral norte do Rio Grande do Sul, está inserido nos biomas Mata Atlântica e Pampa, possuindo em seu território mais de vinte lagoas. Tal configuração confere ao município uma grande diversidade de ecossistemas com fauna silvestre variada. Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar a distribuição e reprodução das espécies de quelônios que utilizam a Lagoa do Marcelino como habitat. Foram realizadas caminhadas no local, entre 6:30h e 8:30h da manhã, entre os meses de outubro a março, entre os anos de 2020 a 2021, onde foram observados os quelônios nidificando, sendo estes ninhos georreferenciados. Também se observou o trânsito dos quelônios no local. Como resultado foi possível verificar a ausência de quelônios exóticos no ambiente de estudo. Bem como se identificou três espécies de quelônios nativos presentes neste ambiente (Trachemys dorbigni, Acanthochelys spixii e Phrynops hilarii). Foi confirmado, através da observação de nidificação, que este local tem importância reprodutiva para Trachemys dorbigni. E sendo sugestiva, pela presença de filhotes e adultos, sua importância para a reprodução de Acanthochelys spixii. Ressalta-se que as três espécies têm períodos reprodutivos diferentes, e o estudo não abrangeu a temporada ideal para todas. Durante o estudo foram observados 115 exemplares de Trachemys dorbigni, sendo: 14 filhotes (11 mortos e três vivos) e 101 adultos (63 desovando, 24 deslocando-se sem obstáculos, 12 com dificuldade em deslocar-se e dois atropelados, destes um morto). De Acanthochelys spixii observou-se cinco exemplares, sendo um filhote atropelado e quatro adultos deslocando-se. De forma complementar, adicionou-se ao estudo, relatos de fora deste período, demonstrando que há a presença de Phrynops hilarii, no local, porém em período diverso ao estudado. Destaca-se que dos 13 animais mortos observados no período de estudo, 12 foram atropelados, sendo 11 próximos ao meio-fio. O que somado aos animais observados com dificuldade em transitar, demonstra que as “revitalizações” da orla dificultaram a reprodução dos quelônios. E como proposta mitigadora, sugere-se ao poder público municipal, o rebaixamento do meio-fio, colocação de quebra-molas e fechamento da Rua Altair Mazon para o trânsito de veículos no período de desova e eclosão dos ovos. E, como medida mais avançada, a criação de um parque linear no local.