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A soja (Glycine max. (L.) Merrill) é uma das culturas mais importantes da agricultura brasileira, com um volume de produção que resulta em contribuições expressivas para a economia. Porém, ela é suscetível ao ataque de insetos, que resultam em danos por herbivoria da região foliar,
haste, flores, vagens ou sementes. Os danos causados por estes organismos resultam em perdas
de produtividade e qualidade do produto. Dentre as pragas, se destacam os percevejos fitófagos
(Hemiptera: Pentatomidae). O método de controle mais empregado pelos agricultores atualmente é o uso de agrotóxicos (inseticidas). No entanto, ao longo do tempo, essa técnica tem diminuído sua eficácia, devido ao aumento da resistência dos percevejos aos grupos químicos utilizados. Outro problema inerente a utilização destes produtos é a degradação ambiental e a morte de insetos que não são alvo das aplicações, fazendo com que a
biodiversidade dos agroecossistemas seja afetada negativamente. Portanto, é necessário que se
quebre o paradigma da agricultura convencional para controle destes insetos, dando ênfase para
métodos sustentáveis e que não degradem o meio ambiente. Uma das formas mais sustentáveis
é o controle biológico, através de parasitoides de ovos de percevejo. Estes microhimenópteros
(Hymenoptera) conseguem parasitar ovos das principais espécies de percevejos considerados
praga para a cultura, sendo de grande aplicabilidade no manejo integrado de pragas (MIP). Desta forma, o objetivo do trabalho foi verificar a flutuação populacional natural dos
parasitoides de ovos de percevejo na cultura da soja, bem como a relação de ocorrência entre
espécies de parasitoide/hospedeiro. Para isso, foi conduzido experimento no município de São Luiz Gonzaga/RS, durante ano agrícola 2022/2023, abrangendo os estádios fenológicos VC até
R8 da soja. Foram realizadas 38 visitas semanais em quatro áreas, possuindo o plantio de duas
cultivares comerciais, com semeadura em épocas distintas. Foram realizadas cinco amostragens
em cada ocasião, totalizando 380 amostras. Cada amostra era realizada em pontos escolhidos
aleatoriamente, com a coleta ativa das massas de ovos de percevejos presentes em um metro linear. Posteriormente, no Laboratório de Insetos Benéficos (LAPIB), foi realizada a identificação de cada espécime de percevejo, a qual pertencia os ovos e mantidos em câmara com atmosfera controlada até a eclosão dos percevejos ou parasitoides. Após, os insetos eram
capturados, mortos e acondicionados em álcool 70% para identificação. A partir da análise dos
dados foi possível observar a flutuação populacional de parasitoide conforme os estádios
fisiológicos da soja, bem como sua relação com os hospedeiros. Assim, verificou-se que o
aparecimento dos parasitoides está relacionado com a disponibilidade do hospedeiro.Logo, a
eficiência de controle depende de muitos fatores, tais como quantidade de hospedeiro e
parasitoides, longevidade, fecundidade e razão sexual dos parasitoides, condições ambientais e
interação com a utilização de agrotóxicos. De forma geral, os inimigos naturais apresentaram
picos populacionais que coincidiram com os picos de oviposição dos percevejos, enquanto os picos populacionais dos percevejos mostraram forte relação com o estádio de desenvolvimento
da soja. Portanto, os inimigos naturais são atualmente encontrados na área estudada e estratégias de conservação e promoção de suas populacionais podem ser benéficas no controle de
pentatomídeos. |
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