Resumo:
Este artigo tem como objetivo geral refletir acerca da transposição midiática entre Literatura e Cinema a
partir do texto-base Uma valsa para Bruno Stein, romance de Charles Kiefer (1986) e o filme homônimo
(2007), de Paulo Nascimento. Parte-se da hipótese de que dado ao alcance dos meios de comunicação e
sua visibilidade, é defensável que o leitor literário do livro pode ser antes um espectador do filme e isso a
partir, também, do processo de “projeção-identificação” do ator/personagem conhecido como motivação
para o processo de leitura na formação do leitor. Justifica-se esta reflexão na busca da compreensão dos
efeitos de sentido desse processo com suas reiterações, distorções, invenções, traduções – empreendidas
no processo de adaptação, considerando-se, pois, as narrativas em concreto numa relação de
suplementaridade. Como metodologia, a abordagem é qualitativa e a pesquisa exploratória, tendo como
objetos o filme e o livro Valsa para Bruno Stein. Como Referencial Teórico, desenvolveram-se conceitos
como "intermidialidade" (CLÜVER, 2012), "suplementaridade" (DERRIDA, 1973), "transcodificação
literário-fílmica - elementos conjuntivos e disjuntivos; similaridade, hibridização e independência por
parte do adaptador" (BALOGH, 2004); "processos de representação: a Identificação, a Introjeção, a
Projeção e a Introspecção" (LAPLACE & PONTALIS, 1994); "intertextualidade " (JENNY, 1979),
"texto" (FAVERO & KOCH, 1983); "língua" (DACANAL, 2006); "tradução intersemiótica" (PLAZA,
2003), "negociação para letramento literário" (TAVELA, 2013), "projeção-identificação na estética e
semiótica do cinema na Teoria da Semiótica da Cultura" (LOTMAN, 1978); "estética da recepção"
(JAUSS, 1993) e na argumentação de que se possa utilizar-se da obra cinematográfica como estratégia de
ação para conduzir o espectador para a seara literária, em processo de formação do leitor, tendo-se a
conexão entre a arte narrativa ficcional lenta (livros) e narrativas líquidas (cinema), para o letramento
literário e o multiletramento.