Resumo:
A preocupação com a presença dos mais variados tipos de poluentes em meios hídricos vem crescendo, justificando a busca por técnicas alternativas ou adicionais às aplicadas nos processos convencionais de tratamento de água. No que diz respeito à corantes, estima-se que seja produzido cerca de 700 mil toneladas por ano e que cerca de 10 a 20% desses corantes são perdidos durante o processo, tendo por destino o efluente da indústria. Dentre os processos de tratamento de efluentes que vem crescendo, encontra-se a adsorção, que é uma operação unitária de transferência de massa sólido-líquido ou sólido-gás que explora a capacidade de certos sólidos em concentrar em sua superfície algumas substâncias existentes em solução. É um método simples e bastante eficaz na remoção de espécies em soluções líquidas à baixas concentrações. A utilização da adsorção com resíduos agrícolas diretamente como adsorventes ou como precursores para síntese de carvão ativado apresenta-se como um método viável, aliando eficiência de remoção, baixo custo e biodegradabilidade do material aplicado. Nesse panorama, o presente trabalho objetivou estudar a empregabilidade do engaço da uva, um resíduo do processo de industrialização da uva sem aplicação prática efetiva, na remoção do corante azul de metileno (AM). As amostras de engaço de uva foram moídas em três granulometrias diferentes, carbonizadas a 500°C, 700°C e 900°C em forno tipo mufla e uma parte das amostras foram ativadas com ZnCl2. Para verificar a adsorção frente ao azul de metileno (AM) comparou-se os resultados das amostras in natura (NAT), sem ativação (C), com ativação (CA) e carvão ativado comercial (CAC). Os resultados mostraram que em escala de laboratório o CAC apresentou a maior adsorção com 98,1%, seguido do NAT 95,8%, o C com 81,1% e o CA com 33,3%. O rendimento do carvão ativado dependente da temperatura e tempo de pirólise, onde temperaturas e tempos maiores apresentaram menor rendimento. Os valores da umidade em base úmida foram de 9,9% para amostra in natura, 5,9% para o carvão sem ativação e de 7% para o carvão ativado. Para o teor de cinzas obteve-se 7,2% para a amostra in natura, o carvão sem ativação obteve 1,6% de cinzas enquanto que o carvão ativado apresentou um percentual de 2,2%. Através dos resultados obtidos verificou-se que o engaço apenas moído foi o que apresentou melhores eficiências de adsorção do azul de metileno.