Resumo:
A agrobiodiversidade brasileira sofre com os impactos causados pela modernização
da agricultura, em decorrência da introdução de sementes com estreita base
genética e totalmente dependentes de insumos químicos. Todavia, como fruto da
luta de agricultoras e agricultores familiares, também conhecidos como guardiãs e
guardiões, as sementes crioulas resistem. Essas são detentoras de ampla
variabilidade genética, diversidade e carregam saberes ancestrais. Nesse sentido,
como meta do Núcleo de Estudos em Agroecologia – NEA Gaia Centro – Sul da
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS, por meio do projeto CNPq
21/2016, teve como objetivo principal identificar e caracterizar variedades crioulas
em cinco municípios do território central do RS. Foram aplicados 18 questionários,
com perguntas abertas e fechadas, caracterizando a pesquisa como qualiquantitativa. Constatou-se que as maiores responsáveis pelas sementes crioulas
são as mulheres, representando 44% e 39% do total das famílias entrevistadas
estão acima de 60 anos. Foram identificadas 268 variedades, entre elas, 16 famílias
botânicas, onde 48% são olerícolas, 38%, culturas anuais (grãos), 11% de adubos
verdes e forrageiras e 3% de ornamentais. As famílias relatam que mantem as
variedades crioulas por tradição, necessidade, sabor e principalmente por saberem a
importância das mesmas. Conclui-se que apesar da região central do RS ser
caracterizada por monocultivos de arroz, soja e tabaco, há grande diversidade
conservada. Há necessidade de pesquisar e compartilhar mais conhecimentos
referentes às variedades crioulas, para que sejam multiplicadas. Assim, o NEA Gaia
têm papel fundamental neste processo.