Resumo:
Uma das principais culturas agrícolas na região Noroeste do Rio Grande do Sul é a soja. Entre o preparo da área e a comercialização do produto, existem muitas etapas em que podem ocorrer perdas econômicas para o agricultor, sendo que um dos fatores que mais limitam a produtividade é o ataque de pragas, com destaque para os percevejos (Hemiptera: Pentatomidae). Atualmente, o controle químico tem sido preconizado, muitas vezes sem a necessidade, sem que o agricultor conheça a dinâmica desses insetos e sem lançar mão de outras estratégias de manejo. Desta forma, o objetivo da pesquisa, foi registrar a diversidade, riqueza e dinâmica populacional de espécies de percevejos que ocorrem em lavouras, cultivos perenes e seus entornos ocupados por plantas espontâneas, além de áreas naturais no município de São Luiz Gonzaga (RS). As avaliações ocorreram semanalmente de 2018 a 2020 nos cultivos de soja e em outros 17 locais, incluindo cultivo de alfafa, eucalipto, mata nativa, cana de açúcar, plantas espontâneas nas bordaduras das áreas cultivadas, trigo, nabo-forrageiro, mix-forrageiro, milho, girassol, feijão de porco, feijão guandu, crotalária, alface, canola, cevada e trevo-vesiculoso. A coleta dos insetos foi feita com pano de batida, rede de varredura e puçá. A espécie de percevejo mais abundante na soja foi o Euschistus heros. A espécie de percevejo Thyanta perditor, foi registrada em outros locais em pequenas quantidades, enquanto na soja não teve ocorrência. Em canola, cevada e trevo-vesiculoso não foram capturados percevejos, o que pode indicar que essas culturas de inverno podem ser priorizadas em sistemas rotação de culturas com a soja. Culturas permanentes, como canavial e eucalipto, assim como a área de preservação permanente, foram locais de registro de percevejos na serrapilheira, a qual os insetos utilizam para hibernação e refúgio. As culturas vegetais utilizadas nas rotações de culturas em São Luiz Gonzaga permitem a manutenção das populações de percevejos ao longo de todo o ano. Os resultados sugerem que existe a possibilidade de fazer o controle direcionado com inimigos naturais durante os meses sem soja no campo, visando diminuir as populações iniciais da praga, possivelmente reduzindo a necessidade da aplicação de agrotóxicos.