Efluentes com alta carga orgânica e de nutrientes se apresentam como matéria prima
base para a produção de biomassa de microalgas, já que atualmente são um problema
a ser tratado nas indústrias, gerando custos de tratamento e resíduos a serem
descartados. Alternativamente, tem-se a possibilidade de gerar biomassa que pode ser
utilizada como matéria prima para a produção de óleo de microalga, ou que pode ser
destinada a produção de biodiesel, ou aproveitamento energético direto por processo de
pirólise ou liquefação hidrotermal. Ao se adotar o uso de efluentes na produção de
microalgas, troca-se os sistemas tradicionais de tratamento de efluentes anaeróbios, que
geram gás metano e gases de enxofre, e aeróbios que geram CO2, todos gases
causadores do efeito estufa, por um cultivo que, ao contrário, irá utilizar o CO2
atmosférico para o crescimento da biomassa, tornando o tratamento de efluentes uma
fonte de fixação direta de carbono das indústrias. Pois em produção de larga escala
pretende-se utilizar o gás proveniente das caldeiras industriais de geração de vapor para
suprir CO2 às algas, aumentando sua produtividade. Esse trabalho apresenta o estudo
de viabilidade de produção de biomassa microalgal utilizando diferentes efluentes como
meio de cultivo e de estimar e extrapolar níveis de produção que poderiam ser atingidos
de biomassa e óleo através de diferentes efluentes. Estimando também a produção de
bioóleo utilizando como fonte de meio de cultivo para as microalgas esgoto doméstico
através do método de liquefação hidrotermal. Assim, o estudo analisou a adaptação,
produtividade e geração de biomassa das microalgas Scenedesmus obliquus e Spirulina
platensis, ao efluente de esterco gerado na criação de gado leiteiro confinado e o efluente
de uma indústria de processamento de pescados. Os resultados demostraram uma boa
adaptação e produtividade, demonstrando grande potencial na produção de biomassa e
por consequência ao tratamento destes efluentes.