Resumo:
O presente estudo surgiu durante a pandemia de Covid-19, quando, no interior das prisões, também foi necessária a suspensão de aulas presenciais e, com a ausência da docência, uma das pessoas apenadas disse que “a pior prisão que existe é a da mente”. O objetivo desta pesquisa foi evidenciar o processo de leitura e escrita no interior da prisão como forma “desaprisionadora”. Trouxe a gestão escolar como ponte de ressocialização com uma educação formal que ocorre num espaço não formal. Para tal, as autoras analisaram a identidade cultural das mulheres reclusas em Bagé/RS, com foco na educação, em abordagem qualitativa inspirada na etnografia. O caminho esteve debruçado sobre conhecimentos e experiências prévias de vida das mulheres privadas de liberdade, com escritas que foram realizadas entre os anos de 2018 e 2020, articuladas com textos de outros autores que se encontravam em situação análoga à de prisão. Contou com as contribuições teóricas de Freire (2011), Bauman (2005), Hall (2016) e Saraiva (2018), entre outros. Assim, reafirma-se o fato de que a educação, ao ocorrer em lugares diversificados, permite desbravar também a linguagem presente naquele ambiente, e seus aspectos contribuem para a compreensão temática da educação prisional pela sociedade. Percebeu-se que, na medida em que as apenadas passam a visualizar possibilidades de ressignificação e não retorno à criminalidade, é incentivado o crescimento e o despertar da atenção do poder público para a importância do cumprimento da educação prisional como principal via ressocializadora.