O Bioma Pampa tem sofrido grande ameaça devido aos vetores de transformações da paisagem e diminuição da biodiversidade. As Unidades de Conservação são áreas estratégicas tanto para a proteção de ecossistemas nativos como fonte de propágulos de grupos ecológicos botânicos estratégicos. Os estudos de longa duração, com levantamentos sistemáticos em amostras permanentes são ferramentas essenciais para programas de restauração ecológica. Neste sentido, o presente estudo realizado na Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã (APA) no município de Santana do Livramento tem o objetivo de identificar a diversidade botânica e proceder a classificação em grupos funcionais a partir de metodologia estabelecida pelo Programa de Monitoramento da Biodiversidade do Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. O método teve como grupo alvo as plantas herbáceas e lenhosas, tanto nativas quanto exóticas, utilizando como métrica a cobertura vegetal. A cobertura de vegetação foi avaliada em quatro transectos de 50 metros, instalados de forma permanente em duas propriedades de atividade pecuária no interior da APA. Após a instalação dos transectos, a cada 50 centímetros, ao longo de 50 metros, foram registradas as formas de vida e procedida a identificação taxonômica do material botânico. O trabalho registrou um total de 224 indivíduos e 22 espécies, sendo 99% nativas e 1% exótica, representada por uma única espécie Eragrostis plana. Apesar de Andropogon lateralis, Hypoxis decumbens e Eryngium nudicaule representar 55% dos indivíduos nas áreas amostradas, os 45% restantes são representados por 19 espécies. O grupo funcional predominante na região são as ervas graminóides, com 63% de representatividade nas quatro amostras, seguido de não graminóides com 32% e os arbustos com 5%. A partir deste estudo, que demonstra a diferença florística entre distintos pontos amostrais, com fortes indícios de ser resultante da diferença de estilos de manejo existentes entre as propriedades, destaca-se que é salutar o aprimoramento da metodologia para a realidade do Pampa. Assim, destaca-se que a restauração ecológica em larga escala no Pampa só será possível a partir de arranjos institucionais locais que permitam o acompanhamento sazonal e temporal das comunidades florísticas em unidades produtivas, especialmente as pecuárias.