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Registrar/Inventar histórias, a partir dos dizeres de professores é um exercício que contribui para o enriquecimento acadêmico, pessoal e social. No trabalho em apresentação, foi realizado um estudo qualitativo do tipo exploratório, com o objetivo de compreender e analisar como os professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) criam/inventam as estratégias pedagógicas nas Salas de Recursos Multifuncionais (SRMs), bem como evidenciar governamentos engendrados nessas práticas que incidem diretamente no corpo e nas condutas dos estudantes com deficiência. Para tanto, o olhar investigativo foi conduzido pelos conceitos cunhados por Michel Foucault, em especial a Governamentalidade, que nesse processo foi tomada como uma grade de inteligibilidade que permitiu olhar para os dados com a noção de condução das condutas no AEE regidas por discursos que emergem de outros campos de saber. Como ferramenta de pesquisa, então, o Governamento Neoliberal contribui para evidenciar os discursos econômicos que incidem sobre as práticas de escolarização de crianças com deficiência. Além disso, verificar quais as concepções e governamentos são engendrados nesse espaço escolar para o corpo da deficiência, entendido aqui como parte explícita do processo investigativo que está no jogo da incidência do biopoder, mas sempre invisibilizado e tido como implícito nas invenções de Governamento. O campo empírico da pesquisa foram 6 municípios da região Litoral Norte do Rio Grande do Sul e os participantes são professores de AEE de 11 escolas, bem como coordenadores da Educação Especial dos municípios pesquisados. Os dados evidenciaram que as práticas do AEE são engendradas sob os discursos da medicina e dos saberes psi, além dos discursos midiáticos que colocam na ordem do dia a superação e a máxima produtividade dos corpos e das mentes em favor da economia de poder e do mercado. Dos dados coletados em entrevistas gravadas, emergiram três categorias analíticas que são distribuídas didaticamente no corpo deste trabalho. São elas: Saberes Especializados: O (Bio)Poder da Medicina e das Psicologias na Educação; As Verdades sobre a Família: o Desencaixe em Relação às Expectativas do Especialista; e, Conhecer e Conhecer-se: a Benevolência e a Produção da Autonomia como Práticas para Governar. Além disso, os dados de outros instrumentos de coleta permitiram verificar o regime de verdade em que o AEE está inserido na perspectiva desses professores. |
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