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Nesta pesquisa buscamos compreender processos de formulação e circulação de sentidos sobre o trabalho docente durante a pandemia da Covid-19, anos de 2020, 2021 e 2022, materializados nos dizeres de professores/as sindicalizados/as de uma rede municipal de educação do Rio Grande do Sul. Para tanto, nos embasamos teórica e metodologicamente na Análise do Discurso materialista. Realizamos, então, uma construção teórica sobre Análise do Discurso e sobre elementos do universo docente, tais como a instituição escola, o conceito de docência, o trabalho docente e o sindicalismo docente. Além disso, produzimos uma contextualização das condições de produção dos discursos, a pandemia e a educação nesse período, desde o âmbito mundial, passando pelo nacional, estadual até chegar no município de pesquisa. Nosso corpus de tipo experimental foi constituído a partir de entrevistas semi-estruturadas com 5 docentes sindicalizados/as do município, incluindo a pesquisadora. As entrevistas foram transcritas e organizadas em 347 sequências discursivas e agrupadas em 12 famílias parafrásticas. Após a análise das paráfrases e formações discursivas, percebemos a Formação Discursiva de Falta. Falta de atuação governamental, falta de condições de trabalho adequadas, falta de mecanismos democráticos, falta de suporte da gestão, falta de sentido no trabalho, falta de acolhimento, falta de entendimento do que é o trabalho do/da professor/a, falta de união da classe e falta de relações de aprendizagem durante esse período. Ainda, a formação discursiva (FD) de referência desses discursos é própria FD da Classe Trabalhadora, que historicamente constrói seus saberes de denúncia da sua exploração. O trabalho docente assume, com isso, nesse tempo-espaço, sentidos negativos de precarizado, horrível, angustiante e confuso. Tais questões reforçam o sentido de alienação em que o trabalho não realiza sua função ontológica de humanização. Como produto educacional derivado da pesquisa, propomos encontros mensais com docentes para “pensar docência” e produzir tensionamentos sobre os limites que o sistema organizacional escolar e capitalista nos impõe e as possibilidades de atuação na nossa realidade. |
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