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A capoeira é um movimento negro de resistencia social, cultural e ancestral, (PINHO, 2021) e foi atravessada pela colonialidade instaurada no Brasil por mais de quatro séculos. Os modos de ser e estar femininos foram limitados e estereotipados, tensionando um movimento de desvalorização das mulheres, as quais representam maioria no quadro de ensino brasileiro. Usando a prerrogativa de pesquisar uma educação decolonial, descolonializante e antirracista, esta pesquisa buscou referências nos modos de ser e estar com e no mundo, ancestrais e afrocentrados propondo pistas educacionais contrárias às encontradas no modelo eurocentrado que conhecemos, traçando linhas de fuga para driblar ou gingar com o sistema deensino colonizador que praticamos. A escola onde a pesquisa se desenvolve pertence à rede pública estadual e está situada no litoral norte do Rio Grande do Sul, localizada entre o rio Tramandaí e as águas salgadas do mar, de onde podemos refletir acerca do caminho que os povos africanos percorreram na travessia cruel pelo oceano Atlântico. Esta proposta de pesquisa do curso de mestrado profissional do programa PPGEd/UERGS se desenvolveu na escola básica, com alunos dos anos iniciais do ensino fundamental que por sua vez é o terreno/terreiro escolhido para oferecer resistência e matrigestar a potência de uma educação política, antirracista e afetuosa (KATIUSCIA RIBEIRO, 2013) (bell hooks, 2013). A capoeira é apresentada como estratégia educacional para corpografar, embalar e ori-entar este trabalho para que possamos performar floreios, rasteiras e esquivas na educação, referenciando quem veio antes e valorizando quem virá depois, aos modos de resistência ancestrais (LED MARIA MARTINS, 2021). Carecemos de informações oriundas de outras fontes, que não sejam alicerçadas nas narrativas ocidentais (CHIMAMANDA ADICHIE, 2018). Em meio a tantos caminhos possíveis, a escolha metodológica se deu a partir de críticas e observações acerca dos modos de como a história do povo negro é apresentada na escola e principalmente do lugar que a branquitude tem nesta construção histórica que invisibiliza e minimiza as potências de inteligência e criação de culturas africanas e afrobrasileiras (CIDA BENTO, 2022). Para tanto, tomo a oralitura como caminho de condução e problematização destas questões sociais que precisam ser discutidas e ressignificadas na escola. A educação para as relações étnico raciais e a capoeira foram a maneira encontrada para promover conhecimento sobre os povos africanos, tensionando questionamentos e reflexões em sala de aula, as quais pretendemos compartilhar neste projeto. |
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