Resumo:
[Introdução] A estiagem é considerada um desastre natural que se prolonga ao longo do tempo como um fenômeno de falta de água, que atinge áreas extensas e causa diversos resultados negativos nas atividades socioeconômicas e nos ecossistemas (ALPINO, FREITAS, COSTA, 2014). Durante a safra do ano 2021/2022 o estado do Rio grande do Sul sofreu com um longo período sem chuva, o qual acarretou deficiência hídrica nas atividades agropecuárias ao longo de todo o estado, provocando diversas perdas aos produtores, que sem a disponibilidade suficiente de água ficaram impossibilitados de irrigar as produções manter os animais. As baixas precipitações ocorridas em dezembro na maior parte do estado está associada ao predomínio de uma massa de ar seco que não favoreceu a formação de nuvens de chuva. Este fenômeno contribuiu para a intensificação da condição de menor disponibilidade hídrica (EMATER, 2022). Uma das culturas que mais é cultivada no estado do Rio grande do Sul na safra de verão é a soja. Que é uma cultura que possui uma boa tolerância a seca quando comparada a outras culturas de verão e consegue se adaptar bem nos solos do estado. Em anos bons, em que o clima corre bem é possível obter uma produtividade em média de 60 sacas por ha (hectare) de produção. Com essa produtividade o estado é um dos maiores produtores e exportadores de grãos do Brasil, sendo responsável por cerca de 20% da produção nacional de soja (MELO; FONTANA; BERLATO, 2004). A tolerância da soja a seca é consequência de diversos fatores bióticos e abióticos que oferecem a planta um determinado nível de resistência ao déficit de umidade no solo (PITOL, 2015). Mesmo assim, as perdas de produção são frequentes devido as adversidades climáticas, muitas vezes pelo fato que a planta, em determinados períodos, necessita de mais água e em outros menos. Desta forma, se ocorrer falta de água em determinados estágios pode ocorrer mais perda de produção do que em outros. Ou seja, os estágios mais críticos para a escassez hídrica durante o desenvolvimento da cultura da soja são, no período de germinação-emergência e floração-enchimento de grãos (FARIAS; NEPOMUCENO; NEUMAIER, 2007). O milho, por sua vez, é uma gramínea pertencente à família das Poáceas. É cultivada durante a safra de verão e possui um alto teor nutritivo e alta produção de grãos, sendo atualmente a segunda maior cultura agrícola do estado do Rio Grande do Sul. Tendo em vista que, praticamente, a totalidade do milho produzido no Estado é de lavoura de sequeiro, a produtividade e a produção apresentam grande variabilidade interanual, determinada em grande parte pela variabilidade da precipitação pluvial (BERLATO; FARENZENA; FONTANA, 2005). Das culturas produtoras de grão, o milho é a mais influenciada pela disponibilidade hídrica. A baixa disponibilidade de água que ocorre com frequência no estado no período de dezembro a fevereiro é o principal fator de quebra de produtividade nas safras dessa cultura (MATZENAUER, 2002) Levando em consideração todas as informações e características das principais culturas produzidas no verão no estado do Rio Grande do Sul que são a soja e milho, e sabendo que a sua produção é essencial para a economia do estado e para a produção de alimentos, esta pesquisa tem como foco levantar dados juntamente com produtores da região nordeste do Rio Grande do Sul, sobre quais foram os prejuízos que a falta de chuvas durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro da safra 2021/2022 trouxeram para esta safra.
