Resumo:
Embora seja comercializado, o mel de abelhas sem ferrão não apresenta Regulamento Técnico
de Identidade e Qualidade (RTIQ). Alguns estados brasileiros possuem RTIQ específico,
porém na grande maioria, incluindo o Rio Grande do Sul, ocorre a comercialização deste
produto de forma irregular e falha nos aspectos higiênico-sanitários. O presente trabalho teve
o objetivo de avaliar as características físico-químicas de 14 amostras de méis de três espécies
de meliponíneos da região nordeste do Rio Grande do Sul, doadas por 7 meliponicultores da
região, e comparar com as propriedades dos méis de abelhas do gênero Apis, objetivando
compreender a importância do RTIQ específico. As amostras foram coletadas através de
seringas descartáveis e transferidas para tubos Falcon e permaneceram refrigeradas até o
momento dos ensaios. Foram realizadas as análises de acidez livre, açúcares redutores, sólidos
solúveis (ºbrix), pH, umidade e cor. Apresentou-se em todas as amostras umidade superior ao
limite estabelecido na legislação brasileira, que contempla apenas a espécie Apis mellifera,
mas enquadraram-se aos regulamentos dos estados do AM, BA, SP, SC e PR, específicos para
estes méis. Houve predominância da coloração âmbar, o pH se enquadrou parcialmente nos
regulamentos do PR, SP e SC, e os parâmetros de acidez e açúcares redutores condizem com
todos os regulamentos citados acima, incluindo a legislação brasileira. No entanto, a
legislação brasileira não abrange todos os parâmetros de forma adequada, evidenciando a
necessidade do estabelecimento de padrões de qualidade específicos para méis de abelhas sem
ferrão.