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A presente pesquisa teve como objetivo analisar as percepções das crianças a respeito do processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental por intermédio dos seus pontos de vista. A investigação buscou valorizar as crianças
como sujeitos participantes, evidenciando suas vozes e seus olhares. Diante disso, este estudo foi trilhado, metodologicamente utilizando a abordagem qualitativa (Agrosino, 2009) e etnográfica (Geertz, 1989), juntamente com os seus instrumentos metodológicos para o levantamento de dados, a observação participante (Filho e
Barbosa, 2010); as rodas de conversa (Garanhani; Alessi, 2022); o diário de campo
(Winkin, 1998) e os desenhos comentados (Martins, 2010). O campo empírico se deu em duas escolas públicas: uma de Educação Infantil e uma de Ensino Fundamental, ambas situadas no centro do município de Xangri-Lá, litoral norte gaúcho. A pesquisa
buscou acompanhar um grupo de 15 crianças, durante os meses de novembro e dezembro de 2023, na Educação Infantil. E, também, 21 crianças, nos meses de fevereiro, março, abril, maio e junho de 2024, no Ensino Fundamental. As aproximações em campo resultaram em três unidades temáticas para análises, interligadas com os conceitos sobre o tempo e o espaço, a partir de episódios
vivenciados com as crianças e das suas produções: 1) os sentidos produzidos sobre o tempo; 2) o ambiente escolar e as práticas pedagógicas; 3) os espaços potencializados pelas crianças. As análises mostraram, através das produções e
narrativas das crianças, os sentimentos em relação ao tempo, visto que, no novo contexto pedagógico, o tempo de brincar ficou menor e o tempo para as atividades maior, reverberando em mais práticas voltadas para a alfabetização e o uso do livro
didático. Da mesma forma, o sentimento em relação ao ambiente escolar e às práticas pedagógicas já eram evidenciados ainda na Educação Infantil pelas crianças. As análises também explicitaram, a partir das fotos realizadas com autoria das crianças, a maneira como, a partir da ludicidade, elas potencializaram os espaços. Foi perceptível, por meio dos espaços escolhidos por elas, para serem fotografados, que, mesmo frequentando uma outra etapa da educação básica, em que novas habilidades são exigidas, as crianças continuam sendo crianças, necessitando de tempo e espaço
para brincar. Foi notável a falta de diálogo, descontinuidade e rupturas entre as etapas
inicias da educação básica e que reverberaram nas falas e nas produções das crianças, assim como percebeu-se uma responsabilidade sobre elas, para que aconteça uma transição bem-sucedida. |
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