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O que comemos? Onde comemos? E com quem comemos? São questões norteadoras deste estudo investigativo, que propõe sentir, olhar etnograficamente e investigar os significados
produzidos nas instituições de atendimento às infâncias, indagando o seguinte: como crianças
e profissionais da educação significam a comensalidade no contexto de uma Escola Municipal
de Educação Infantil? Nesse sentido, é preciso observar e ouvir o que têm a dizer sobre os
espaços e tempos comensais , de modo a revelar o que pensam, sentem ao compartilhar a mesa
e comer juntos na escola. Nesta pesquisa, os percursos metodológicos que representam os
caminhos das descobertas, pelo meu ponto de vista, pela minha interpretação como pesquisadora, ancoram-se em questões formuladas a partir das interlocuções com as teorias que caracterizam o presente estudo como pesquisa etnográfica. Como objetivo central, buscou-se compreender como as crianças e os profissionais da educação de uma turma de Pré-Escolar II significam a comensalidade no contexto de uma escola de Educação Infantil localizada no litoral norte gaúcho. As escolhas metodológicas procuraram valorizar e tomar as crianças e os profissionais da educação como sujeitos participantes da pesquisa, qualificando suas vozes e seus olhares. Diante disso, o caminho teórico-metodológico foi sendo construído enquanto eu “caminhava” em busca de conhecer e compreender os significados produzidos com/entre
crianças e profissionais, a partir do meu olhar de pesquisadora, e os estranhamentos que
surgiram no decorrer das práticas comensais no contexto escolar. Para a composição metodológica desta etnografia, escolhi como instrumentos a observação participante (Cohn, 2005; Fonseca, 1998; Geertz, 1989; Malinowski, 1978), as notas de campo (Bogdan; Biklen, 1994) e o diário de campo (Winkin, 1998). A escolha da observação participante como forma de produzir informações se justifica pela possibilidade de eu estar próxima às práticas alimentares, aos costumes e às regras produzidos no contexto escolar. No debate conceitual sobre os significados produzidos no campo empírico, também foram realizadas interlocuções a partir das concepções do sociólogo Norbert Elias (1984), na perspectiva da compreensão do tempo como um aspecto do processo civilizador. Partindo desse indicativo, interpretou-se que, na produção dos significados sobre a comensalidade, as crianças se envolvem em diferentes percursos, sendo os mais evidentes os trajetos constituídos em relações interdependentes de amizade, e isso revela que as regras determinadas por adultos no espaço comensal não impedem que as crianças sejam agentes de suas interações e relações. Para o profissional da educação, o tempo cronometrado para as práticas alimentares na rotina escolar não abre espaço para a comensalidade. |
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