Resumo:
No Brasil, impactos negativos causados por javalis asselvajados já são registrados desde o final da década de 1980, mas até o momento as medidas adotadas de forma não sistemática no controle da espécie não foram suficientes para evitar a ocupação de novas áreas. Algumas das principais explicações para este fato são o descaso de boa parte das pessoas que criam clandestinamente estes animais e a carência de pesquisas na área, necessárias para orientar as medidas a serem adotadas no controle das populações em vida livre, registradas até o momento em nove estados brasileiros. Diante das dificuldades na erradicação dessas populações, torna-se fundamental definir estratégias claras para o manejo da espécie na natureza, de maneira a mitigar os impactos causados, do ponto de vista social e econômico, porém sem perder o foco na conservação da natureza, o que apresentou ao grupo analisado, a oportunidade de iniciar uma linha de pesquisa para conseguir adaptar os métodos já existentes e criar uma metodologia de manejo integrado de pragas (MIP) focada no javali. O objetivo do presente trabalho foi relatar uma metodologia desenvolvida pela equipe Leão Baio de controle de fauna exótica invasora, onde desenvolveram e aprimoraram durante os últimos cinco anos de manejo, uma adaptação e sistematização dos métodos já utilizados de forma dispersa, criando um método de MIP para o controle populacional do javali. Além de apresentar ao produtor a facilidade para implantação do método Leão Baio na sua propriedade em contraponto aos danos econômicos e ambientais causados pelo javali, mostrando que o produtor tem capacidade de fazer o controle populacional do javali dentro de sua propriedade, e em conjunto com os vizinhos. Levando em consideração que o grupo Leão Baio durante o ano de 2019 fez o controle direto de 100 javalis e, destes, 43 indivíduos eram fêmeas, podemos dizer que seguindo o mesmo cálculo de reprodução em que uma fêmea pode ficar prenha três vezes em um ano e dar em media 6 leitões por cria, os mesmos evitaram o aumento da praga e controlaram indiretamente a população de javalis que estaria no local, que dentro de um ano poderiam ser aproximadamente 750 indivíduos. Quando avaliamos os dados de abates dos últimos cinco anos, o grupo abateu 161 fêmeas e seguindo a mesma linha de raciocínio o grupo evitou que aproximadamente 7.500 indivíduos nascessem dessas matrizes. Se ampliarmos essa projeção e contabilizarmos a primeira e segunda geração dessas 161 matrizes abatidas, chegamos ao numero estimado de 69.174 indivíduos controlados direta e indiretamente durante esses cinco anos de manejo do grupo, o que fortalece a afirmação de que a metodologia é eficaz para controle o populacional da praga. A eficácia da metodologia pode ser reafirmada analisando o crescimento do número de abates relacionado com a diminuição no numero de saídas a campo, crescendo de aproximadamente 1 abate por manejo em 2015 para uma media 3,96 abates por manejo no ano de 2019.