Resumo:
Esta dissertação de Mestrado tematiza as vivências das mulheres em uma comunidade periférica, numa cidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Trata de olhar para as mulheres do Grupo Mulheres Transformadoras que, trocando saberes, vão se constituindo enquanto sujeitas nas vivências em grupo, ressignificando seus entendimentos, suas percepções e seus conceitos sobre tudo o que faz parte das suas vidas, resgatando suas memórias, percebendo e significando suas identidades ao mesmo tempo que modificam suas próprias histórias e também mudam a história das futuras gerações de meninas e mulheres de suas famílias, a partir dessas vivências comunitárias. O material empírico da pesquisa constituiu-se de observações, entrevistas semiestruturadas, gravações de vídeos e fotografias, registros das rodas de conversa acerca dos encontros das mulheres, que aconteciam em espaço público municipal. O estudo conta com o aporte teórico-metodológico dos Estudos Culturais, e seus alinhamentos produtivos com a Educação, os Estudos Feministas e de Gênero. Desse modo, esta pesquisa olha para as sujeitas, como mulheres em constante aprendizagem e transformação, com possibilidades de compartilhamento a partir das vivências comunitárias. O estudo permitiu lançar um olhar de estranhamento sobre os discursos que envolvem as práticas sociais, bem como discutir a forma como acontecem as trocas entre as sujeitas da pesquisa, de uma determinada comunidade. O trabalho contou com a contribuição de autores como, Stuart Hall, Jorge Larrosa, Bell Hooks, Chimamanda Ngozi Adichie, Djamila Ribeiro dentre outros. Os achados da pesquisa apontam para o envolvimento da pesquisadora com o campo, coproduzindo versões das realidades vividas. Além disso, o estudo possibilitou a compreensão das aprendizagens em locais não-escolares, nos quais acontecem trocas significativas de saberes; a ressignificação das identidades através do resgate e da (re)construção de memórias. Tais achados delineiam o modo como as mulheres daquele grupo constroem suas redes de solidariedade, estabelecendo laços profundos, para resistir, sobreviver e organizar-se socialmente, driblando comportamentos tidos como tradicionais e estereótipos impostos pela sociedade, direcionando o curso dos feminismos também para o exercício da cidadania.
