Os centauros urbanos e seus trânsitos entre cinema, juventudes e identidades

Abstract

O presente estudo integra uma pesquisa vinculada ao campo dos Estudos Culturais e áreas afins, contando especialmente com aporte de áreas da Educação, da Sociologia, da Filosofia, das Artes, do Teatro, dentre outras. A investigação problematiza as identidades juvenis contemporâneas, buscando compreender as relações constitutivas estabelecidas a partir de determinados artefatos culturais, especialmente, os marcados por suas interfaces com as produções hollywoodianas. Para tanto, utiliza-se de uma bricolagem de métodos, construindo assim, seu itinerário de pesquisa para a produção de dados. Os recursos metodológicos contam com entrevistas, questionários e demais atividades (exibição de filmes, ou trechos de filmes, séries hollywoodianas, montagem de peça teatral, entre outros) – envolvendo a participação de jovens estudantes da educação básica. Tal metodologia objetivou mapear o modo como os jovens se relacionam com o cinema, com as artes e com a produção audiovisual americana, a fim de identificar o modo como as identidades juvenis vem sendo, de alguma maneira, subjetivada por tais artefatos. A pesquisa coloca em cena o “mito dos centauros”, tendo como fio condutor uma narrativa poética que evidencia a constituição identitária dos “centauros urbanos” – jovens estudantes de uma escola da educação básica, localizada em um município do Litoral Norte. Autores como Hall (2006) e Bauman (2005), auxiliam na reflexão sobre o conceito de identidade, a qual não é fixa, essencial ou permanente. A identidade é formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam. Por definição histórica e não biológica, o sujeito assume identidades diferentes em diversos momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente. Outras âncoras do estudo, além dos já citados, contam com Eli Fabris, Anne Bogart, Jorge Larrosa Bondía, entre outros, que permitem a reflexão sobre os modos como as identidades vêm sendo forjadas na fluidez do mundo contemporâneo. Os resultados do estudo apontaram para os seguintes aspectos: para a necessidade de um maior reconhecimento da Arte como uma ferramenta potente na construção de saberes; e na articulação entre conhecimento e constituição de identidades plurais, atravessadas por experiências com arte na educação básica. “Os centauros urbanos”, portanto, são sujeitos atravessados por infinitas interconexões entre Artes, escola, mídia e sociedade, edificando assim, seus “jardins” como modo de (de)marcar sua presença no mundo.